Merck autoriza fabricação de genéricos de pílula anti-covid
Brasil participa da pesquisa, que traz resultados promissores na redução de casos graves da doença
A farmacêutica dos Estados Unidos Merck anunciou, nesta 4ª feira (27.out), que vai permitir que outras empresas possam fabricar versões genéricas da pílula anti-covid desenvolvida pela empresa. O acordo é apoiado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O molnupiravir é um medicamento antiviral de administração oral que, de acordo com os estudos clínicos, reduziu em cerca de 50% o risco de hospitalização ou morte em pacientes adultos com Covid-19 leve a moderada. O fármaco vai ser submetido à avaliação dos órgãos reguladores.
Milhões de pessoas em países mais pobres vão ser beneficiados com o acesso ao medicamento, desenvolvido pela Merck em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics. Nos testes feitos até agora, nenhuma morte foi relatada em pacientes que receberam a pílula. Entre os voluntários que receberam placebo, oito morreram.
O acordo concede uma licença ao Medicines Patent Pool (MPP), organização internacional apoiada pela ONU, que trabalha para baratear o acesso a medicamentos por nações de baixa e média renda. A licença livre de royalties se aplicaria a 105 países, ou seja, a Merck não vai receber os royalties de vendas enquando a covid-19 permanecer classificada como uma emergência de saúde pública de interesse internacional. O Brasil, que participa da pesquisa, deve se beneficiar com o acordo.
Em sua conta do Twitter, a Merck anunciou o acordo de licença voluntária com o MPP para facilitar o acesso global ao medicamento anti-covid.
Today, we announced a voluntary licensing agreement with the Medicines Patent Pool to help facilitate broad global access for our investigational #COVID19 #antiviral treatment, once authorized. Read more: https://t.co/n064OEPany $MRK pic.twitter.com/ZWtnpPqZa2
? Merck (@Merck) October 27, 2021
Testes no Brasil
O medicamento já está na fase de análise por órgãos reguladores de saúde no mundo. A Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, e a European Medicines Agency, da Europa, estão analisando o medicamento e uma decisão pode ser tomada dentro de semanas. Os pesquisadores brasileiros que participam do desenvolvimento do comprimido de molnupiravir informaram que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também vai receber, nas próximas semanas, pedido de liberação emergencial do remédio para que sejam iniciados testes com voluntários brasileiros.
No Brasil, os investigadores principais desse estudo são a pneumologista Margareth Dalcomo, e o infectologista Julio Croda, ambos da Fiocruz. Ao SBT News, Margareth Dalcomo explicou que o molnupiravir é um remédio para tratamento profilático, para ser administrado em pessoas que tiveram contato próximo com alguém contaminado, como um parente ou colega de trabalho. Os resultados obtidos até agora são muito promissores, segundo ela.
A pesquisadora informou que o Brasil é um dos países que participará dos testes de Fase 3 do estudo, com voluntários do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Amazonas. Mas, diferentemente do estudo em Fase 2, não haverá uso de placebo, pois a maioria da população já está vacinada e, para que os resultados sejam mais precisos, os voluntários não devem estar vacinados.
"Estou muito otimista, esse é um fármaco que atua no virus de forma muito inteligente, causa erro na estrutura do virus. Estamos em um caminho muito promissor nas pesquisas. E a vantagem é que são fármacos orais. Nós vamos poder tratar os 80% de pessoas que não dão entrada nos hospitais", disse Dalcomo.
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