Saiba como ajudar seu filho a evitar o sedentarismo e a obesidade infantil
Se nada for feito, mundo pode ter 75 milhões de crianças de 5 a 9 anos acima do peso até 2025
Camila Stucaluc
Mudança de hábitos alimentares, queda na realização de atividades físicas e mais tempo em frente a telas e dispositivos eletrônicos. Esses foram os principais impactos no estilo de vida das crianças brasileiras durante a pandemia de covid-19, resultando em um aumento significativo do sedentarismo e da obesidade infantil.
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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma em cada três crianças, com idade entre cinco e nove anos, está acima do peso. Caso nada seja feito, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que essa condição alcance 75 milhões de crianças no mundo até 2025.
Para a endocrinologista Ana Carolina Fonseca, no entanto, esse número pode ser ainda maior por conta do período de isolamento social. "Todo o cenário era favorável ao sedentarismo infantil: os bloqueios e fechamento de todos os estabelecimentos não essenciais -- que englobou atividades físicas --, o distanciamento social -- que impediu a realização de esportes coletivos -- e o medo de um vírus inicialmente desconhecido", analisa. "Assim, muitos pais e cuidadores acabaram optando por manter seus filhos em casa", acrescenta.
Segundo a médica, a maior exposição a telas, como computadores, celulares e videogames, e a diminuição de atividades ao ar livre colaboraram para deixar a rotina das crianças mais inativa, impactando no desenvolvimento físico e social dos pequenos. "De modo geral, o sedentarismo na infância está associado à obesidade e a alterações metabólicas, de níveis de colesterol e no aparelho locomotor, podendo impactar negativamente inclusive na formação da massa óssea."
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O personal Gustavo Gomes alerta ainda para o desenvolvimento de doenças psicológicas, como ansiedade e depressão. "Hoje em dia vivemos em um ambiente obesogênico, no qual todo mundo tem acesso a tudo muito fácil. Tudo se resolve através de um clique, digamos assim, e, por isso, as crianças estão bem mais paradas do que antes", afirma. "A atividade física não é apenas por estética, é por saúde", diz ele, ressaltando que o exemplo dos pais é fundamental as crianças aderirem aos exercícios no dia a dia.
"Caso a criança não consiga fazer esportes externos devido ao custo, existem diversas brincadeiras que podem ser feitas em casa, como pular corda, pega-pega e amarelinha", aconselha Gomes. "Se colocarmos uma atividade diária de 30 minutos a 1 hora já é uma quantidade de tempo excelente para a criança estar ativa. Isso vai contribuir para o desenvolvimento de vários benefícios, auxiliando na coordenação da criança, assim como na psicomotricidade [melhor movimentação do corpo e noção de espaço] e no raciocínio."
Para a nutricionista Melina Cortegoso, a mudança dos hábitos alimentares afetou diretamente a disposição das crianças, já que o consumo de alimentos industrializados aumentou durante a pandemia. "Os alimentos que mais contribuem para isso são aqueles ricos em açúcares, principalmente os que são destinados ao público infantil. O açúcar acaba tornando-se viciante e altera o paladar da criança, deixando os alimentos mais naturais cada vez mais sem graça e menos atrativos", explica.
"Não podemos esquecer que os pequenos estão em fase de desenvolvimento'', lembra a nutricionista. Por isso, alimentos nutritivos e ricos em vitaminas e minerais são essenciais no dia a dia das crianças, enquanto produtos processados e ultraprocessados -- ricos em sódio e aditivos -- devem ser evitados.
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"Quanto mais rápido pudermos tornar as crianças, 'crianças de novo', teremos uma chance maior de minimizar os impactos dos últimos tempos. Precisamos estimulá-las a saírem de dentro de casa, largarem as telas e voltarem a ter contato social com outras crianças", enfatiza a endocrinologista Ana Carolina. "A busca por um estilo de vida saudável começa na infância. Se fizermos isso, aumentamos e muito a chance de termos uma geração de adultos saudáveis", conclui
Principais recomendações
Alguns hábitos são indispensável para contribuir com a saúde das crianças e evitar problemas futuros. Para auxiliar no desenvolvimento dos pequenos, os especialistas consultados pelo SBT News separam algumas dicas fundamentais para serem aplicadas no dia a dia:
- Estabelecer horário para dormir e acordar;
- Incluir, mesmo que aos poucos, alimentos mais saudáveis e ricos em vitaminas na rotina alimentar;
- Evitar produtos industrializados ou ultraprocessados;
- Priorizar o consumo de água em vez de sucos artificiais;
- Incentivar a prática diária de atividades físicas, podendo ser brincadeiras como pega-pega, pular corda, amarelinha ou, até mesmo, Just Dance;
- Limitar o uso de telas e promover mais atividades ao ar livre.