Publicidade
Brasil

Avião operado por satélite atua para combater desmatamento na Amazônia

Equipamento ajudou a apreender madeira ilegal, e pode contribuir com a redução no desmatamento no país

Imagem da noticia Avião operado por satélite atua para combater desmatamento na Amazônia
Floresta Amazônica
• Atualizado em
Publicidade

É na Serra do Cachimbo, ao sul do Pará e ao norte de Mato Grosso, que fica localizado o Campo de Provas Brigadeiro Velloso, uma das bases de uma operação da Força Aérea Brasileira para combater crimes ambientais. No local, equipes se revezam 24 horas por dia para dar suporte ao monitoramento de alertas de queimadas, extração ilegal de madeiras e áreas de garimpo.

Campo de Provas Brigadeiro Velloso, no Pará | Reprodução/SBT

O monitoramento em áreas fechadas acompanha quatro estados da Amazônia Legal: Amazonas, Pará, Mato Grosso e Rondônia. Para ajudar nesse acompanhamento, uma aeronave pilotada por satélite passou a monitorar a região desde 28 de junho, na Operação Samaúma, que combate crimes ambientais com ajuda das Forças Armadas e está prevista para atuar até 31 de agosto. Nesse pouco mais de um mês, foram mapeados 26 municípios de áreas com maior incidênica de alertas de desmatamento. Também foram apreendidos o equivalente a 130 caminhões de madeira, 32 maquinários de serraria, 12 armas de fogo, 8 tratores, e foram aplicados mais de R$ 50 milhões em multas.

A atuação do equipamento se mostra necessária para controle de atividades ilegais na floresta. Os últimos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados na 6ª feira, por exemplo, mostram que 8.712 km² da floresta Amazônica foi desmatada entre agosto de 2020 e julho de 2021. A quantidade sofreu uma queda de 5% em relação ao ano anterior -- quando foram 9.216 km². Ainda assim, é o segundo maior índice nos últimos cinco anos, e corresponde a uma área do tamanho do Distrito Federal. 

O problema preocupa entidades que atuam na preservação do meio ambiente. "A Amazônia é extremamente essencial para a preservação do clima no nosso país", pondera Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
 


Monitoramento da aeronave

É em uma área de mata abundante, com 22 mil km², equivalente ao tamanho do estado de Sergipe, e privilegiada por ocupar a parte alta da Serra do Cachimbo, onde o Campo de Provas da Força Aérea Brasileira (FAB) opera o SARP (Sistema Aéreo Remotamente Tripulado).

O sistema consiste, basicamente, em uma espécie de drone, só que com um tamanho bem maior e de forma mais complexa. É uma aeronave controlada remotamente. Uma cabine no solo determina o pouso e a aterrissagem. No ar, a navegação é feita via satélite, com coordenadas definidas e monitoradas de Brasília pelo Comando de Operações Aeroespaciais (Comae). 

"A pilotagem é feita a partir do solo, então, dessa estação no solo, são feitos todos os comandos da aeronave. Todo o controle é feito por ele: decolagem, pouso. E toda a missão é cumprida desde essa cabine no solo", explica o tenente-coronel aviador Daniel Lames, que comanda o esquadrão 1°/12° GAv.

A aeronave é israelense e foi construída para situações de guerra. Tem capacidade de ficar até 30 horas no ar, na mesma altitude de um avião comercial. O modelo também registra imagens em alta definição em tempo real, e passa pelos locais sem ser identificado.
 

A tecnologia é uma das apostas das Forças Armadas para combater ilícitos ambientais antes que os esquemas sejam desmontados. O sensor da aeronave permite explorar os detalhes em terra, como os tipos de equipamentos usados em região de garimpo e, até mesmo, identificar o número de pessoas envolvidas.
 

Satélites continuam

Apesar da precisão do equipamento, não há previsão de que a aeronave substitua o papel do monitoramento por satélite. Segundo o major-aviador Vinicius Marques da Rosa, a imagem satélite é complementada pelo equipamento. "Na imagem, eu consigo determinar uma área que eu vou identificar dentro de toda a Amazônia onde eu tenho que atuar", explica.

Com o apoio dessa tecnologia e a cooperação interagências, que permite resposta quase que imediata aos ilícitos, a expectativa do Comandante de Operações Aeroespaciais, Sérgio Roberto de Almeida, é que os crimes ambientais, em especial, o desmatamento ilegal, seja reduzido nos próximos levantamentos. 

"Caso seja alguma coisa que possa ser levada a cabo uma operação imediata, nós mesmos acionamos os nossos helicópteros com as equipes do ICMBio, Ibama ou do exército que estão fazendo a missão e fazem a abordagem, no local, para que a pessoa seja multada ou eventualmente presa", esclareceu o tenente-brigadeiro do ar.
 

Outras frentes de trabalho

Além da ação no ar, a operação conta também com a atuação do Exército e da Marinha. Apesar do apoio operacional dado pelas Forças Armadas, quem realiza as apreensões, prisões e emite multas são as entidades policiais, como a Polícia Federal.

De Brasília, os militares analisam e repassam os conteúdos captados às agências reguladoras e de fiscalização, como: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam) e a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que são responsáveis por definir estratégias e ações de prevenção e repressão aos crimes. 

Registro da Operação Samaúma | Material cedido ao SBT
Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade