Saiba quem é Tandera, criminoso mais procurado do RJ após morte de Ecko
Com a morte do narcomiliciano, Danilo Dias Lima se movimenta para assumir os negócios deixados pelo rival

Alberto Araujo
Rio de Janeiro -- Depois da morte do narcomiliciano Wellington da Silva Braga, o Ecko, o radar da polícia do Rio de Janeiro mira agora outro miliciano a ser combatido. Trata-se de Danilo Dias Lima, mais conhecido como Danilo dos Jesuítas ou Tandera, de 37 anos.
O apelido veio após uma tatuagem no corpo com o olho de Tandera, do desenho Thundercats, Ele é o atual chefe de uma milícia temido pela polícia e por criminosos, que começou sua carreira no crime atuando com mão de ferro no bairro Jesuítas, em Santa Cruz, e em Manguariba e Palmares, localizados nas Zona Oeste do Rio.
A recompensa por informações que possam chegar até o miliciano, no Portal dos Procurados, chega a R$ 5 mil, mas esse valor deverá aumentar. Segundo a polícia, ele é um dos principais nomes do crime organizado para assumir o controle da maior milícia do Rio, que hoje está sem comando, após a morte de Ecko.
Os novos territórios dominados por ele após expansão meteórica estão localizados em alguns bairros da Zona Oeste do Rio; em Seropédica e Itaguaí, na Região Metropolitana; e em vários pontos na Baixada Fluminense, como a comunidade K-32, em Nova Iguaçu. Segundo investigações da polícia, Tandera leva jeito com os negócios do crime organizado. Ele lava dinheiro adquirindo bens de luxo, como mansões, fazendas, cavalos de raça e carros.
Com a morte de Ecko, Tandera começou uma articulação dentro do crime organizado para se apropriar dos territórios antes dominados pelo narcomiliciano. Ecko, porém, deixou dois sucessores naturais: os irmãos Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho e Wallace da Silva Braga, preso recentemente e considerado de alta periculosidade. Já Zinho é investigado por lavagem de dinheiro da milícia do irmão, e está foragido.
Tandera é considerado foragido da justiça do Rio desde novembro de 2016. O criminoso é conhecido, principalmente pelos seus desafetos, por seu temperamento extremamente violento. De acordo com a polícia, o miliciano faz questão de ficar à frente de invasões em áreas dominadas por rivais e agir com violência. Ele também tem o costume de andar sempre com um fuzil e na companhia de diversos seguranças.
Ainda de acordo com a polícia, para manter seu domínio e impor autoridade no mundo do crime, o olho de Tandera mira agora a comunidade das Três Pontes, em Paciência, na Zona Oeste do rio Rio, reduto principal de Ecko, onde ele ironicamente começou sua carreira criminal e acabou morto. Para a polícia, dominar a região onde Ecko ganhou força e fama é imperativo para o criminoso.
Segundo investigadores da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), a organização criminosa liderada por Tandera tem como fonte de renda a exploração e distribuição clandestina de TV a cabo, transporte irregular, comercialização de botijões de gás e cobrança de taxas de segurança feita a comerciantes, entre outras ações. O tráfico de drogas também não escapa do escopo de negócios do miliciano
A quadrilha de Tandera é alvo permanente da Força Tarefa da Polícia Civil que combate grupos paramilitares que atuam na Baixada Fluminense e Zona Oeste do Rio. A cobiça de Tandera pelos negócios de Ecko teria começado em dezembro do ano passado, após pôr fim a uma aliança com o narco miliciano. Com essa decisão, ele começou a invadir com sucesso, territórios antes controlados pelo rival. A comunidade de Manguariba foi um desses locais.
De acordo com a polícia, após guerras travadas por controle de territórios entre facções rivais, Tandera optou por colocar em prática priorizar a retomada de regiões em litígios por desavenças entre seus líderes. A morte de Ecko deixou uma oportunidade em aberto. Agora, o objetivo principal do miliciano é o de tomar todas as áreas pertencentes ao narcomiliciano e escolher sucessores fiéis ao seu comando.
Ainda segundo a polícia, Tandera não está só nessa missão. Ele conta com apoio de comparsas de peso no crime organizado, como o do miliciano Toni Ângelo Souza Aguiar, que estava preso na penitenciária de Mossoró, no Rio Grande do Norte, e retornou ao Rio em março deste ano. Toni Ângelo está preso no presídio Laércio da Costa Pellegrini, mais conhecido como Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, mas tem gerenciado negócios dentro do presídio.
A polícia do Rio está monitorando todos os passos de Tandera e não afasta, nos próximos dias, uma guerra entre facções rivais interessadas no controle dos negócios deixados para trás com a morte de Ecko. De uma hora pra outra, Tandera passou a ser considerado o criminoso mais procurado do Rio.