"Países ricos usam combate ao crime como pretexto para violar a soberania", diz Lula
Presidente defendeu, durante evento em Bogotá, que é necessário uma governança mundial para tratar das mudanças climáticas e do meio ambiente

Gabriela Vieira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (22) que países ricos utilizam combate ao crime como "pretexto para violar a soberania". O discurso foi em Bogotá, durante encontro dos Presidentes dos Estados Partes do Tratado de Cooperação Amazônica.
"Há muito tempo que os países ricos nos acusam de não cuidar da floresta. Aqueles que poluíram o planeta tentam impor modelos que não nos servem. Utilizam a luta contra o desmatamento como justificativa para o protecionismo. Usam o combate ao crime organizado como pretexto para violar nossa soberania", disse.
Durante o discurso, o presidente também falou sobre a necessidade de uma nova governança mundial para encontrar as soluções necessárias diante das mudanças climáticas.
"Se a gente não tiver uma nova governança mundial, a gente não conseguirá implementar uma nova política climática. Tem que ter alguém que tem autoridade para coordenar, fazer cumprir as decisões que nós tomamos", afirma.
Para ter essa nova governança mundial, Lula diz que é necessário acabar com o multilateralismo. Por isso, ele cita o governo de Donald Trump, que não segue com a premissa de promover negociações em cooperação com outros países.
"Para ter essa governança mundial, você não pode acabar com o multilateralismo, você não pode fazer o que o presidente norte-americano está fazendo, decisões sozinhos sem levantar em conta que existe OMC, sem levar em conta a ONU", defendeu.
Ainda sobre Trump, o presidente Lula disse que mandou uma carta pessoal chamando o governista norte-americano para a Confederação das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).
COP30
Em relação a COP30, ela será realizada em Belém (PA) em novembro de 2025. Na ocasião, o Brasil lançará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF na sigla em inglês).
"Estamos propondo um fundo para manter as florestas em pé, quero ver qual país que quer contribuir. Tem que manter a floresta em pé e os indígenas vivos", afirmou.
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Lula ainda comenta que seria mais fácil fazer a COP em um país rico, mas ele deseja que as pessoas vejam a realidade da Amazônia. "A situação das florestas, dos nossos rios, dos nossos povos que moram lá, para a gente saber que nós temos uma tarefa quase hercúlea para que a gente possa cuidar dessa questão climática", acrescentou.