Ex-bolsonarista, Otoni de Paula ora por Lula e diz que “igreja não é de direita nem de esquerda”
Vídeo com oração foi divulgado pelo presidente nas redes sociais após decreto que reconhece cultura gospel como manifestação cultural nacional


Jessica Cardoso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicou nesta terça-feira (23) um vídeo em que aparece recebendo uma oração do deputado federal e pastor Otoni de Paula (MDB-RJ). A gravação foi divulgada nas redes sociais logo após a assinatura de um decreto que reconhece a cultura gospel como patrimônio cultural do Brasil.
Durante a oração, Otoni de Paula, que já foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse que a atuação da igreja não deve estar associada a disputas políticas.
“A igreja não é de direita, a igreja não é de esquerda. A igreja pertence ao Senhor Jesus”, afirmou o parlamentar em prece.
Na legenda da publicação, Lula ressaltou a importância da fé e do respeito acima de alinhamentos partidários.
“A fé, o respeito e o amor não têm partido político. Quando cuidar do povo é o propósito dos governantes, Deus abençoa”, escreveu o presidente.
O chefe do Executivo também relacionou o decreto à valorização da diversidade cultural e religiosa no país.
“Reconhecer a cultura é um ato democrático. Valorizar a fé é um gesto de amor”, afirmou.
Essa não foi a primeira vez que o deputado orou por Lula e buscou desvincular a fé da polarização política. Em outubro de 2024, Otoni fez uma série de acenos e agradecimentos ao presidente após a sanção de leis no início do mandato, entre elas a que instituiu o Dia da Música Gospel.
Durante o governo Bolsonaro, Otoni de Paula chegou a ocupar o cargo de vice-líder do governo na Câmara dos Deputados. Posteriormente, rompeu com o ex-presidente e passou a adotar um discurso crítico em relação ao período.
Em novembro, em pronunciamento na tribuna da Câmara, o parlamentar afirmou que “se arrepende” de ter tratado Bolsonaro como “mito” e declarou que não quer mais ser visto como “extremista”.
A oração desta terça-feira (23) também contou com a presença da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Segundo Lula, a parlamentar, que é evangélica, foi responsável por articular o reconhecimento da música gospel como patrimônio cultural nacional, ideia que teria surgido a partir de uma conversa entre os dois.









