Carro suspeito de ter sido usado na execução de ex-delegado é encontrado incendiado
Ruy Ferraz Fontes foi atingido por mais de 20 disparos de fuzil; polícia estadual investiga caso

Camila Stucaluc
O carro suspeito de ter sido utilizado por criminosos na execução do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi encontrado incendiado pelas autoridades na noite de segunda-feira (15). O veículo estava a cerca de dois quilômetros da cena do crime, em Praia Grande, litoral paulista.
No automóvel, os agentes recuperaram carregadores e munições de fuzil. A análise inicial aponta que os criminosos atiraram mais de 20 vezes contra Fontes, que foi atingido em diferentes partes do corpo, como braços, pernas e abdômen. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) constatou a morte do ex-delegado no local.
“Pelo que contamos, foram mais de 20 disparos efetuados aqui no local”, disse o delegado geral da Polícia Civil de São Paulo, Artur Dian. “As investigações avançam em várias frentes, e todas as hipóteses estão sendo consideradas”, acrescentou.
O ataque ocorreu por volta das 18h20 de segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim. Ruy Ferraz Fontes havia acabado de encerrar o expediente na Secretaria de Administração da cidade, quando foi alvo de uma emboscada.
A execução foi registrada por câmeras de monitoramento. As imagens mostram o carro do ex-delegado sendo perseguido pelos criminosos, que, em seguida, fazem uma série de disparos de fuzil contra o veículo. Fontes consegue fugir, mas bate contra um ônibus. Na sequência, três homens descem de um outro e atiram contra ele.
Equipes da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar, desceram para a Baixada Santista logo após o assassinato. A ordem foi dada pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que determinou a integração de uma força-tarefa para prender os autores e descobrir a motivação do ataque.
“Determinados que o patrulhamento da Rota fosse para a Baixada Santista, especificamente para a Praia Grande, reforçando o policiamento ostensivo para evitar que os criminosos consigam fugir desse local. Eu tenho certeza que a resposta será dada e que nós vamos identificar todos os covardes que participaram desse assassinato”, disse Derrite.
Quem era Ruy Ferraz Fontes?
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Ruy Ferraz Fontes ocupou cargos de destaque na Polícia Civil de São Paulo, como Delegado Geral de Polícia, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital, além de ter atuado em unidades como o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Fontes ganhou notoriedade no início dos anos 2000, quando, à frente do Deic, foi o primeiro delegado a investigar a atuação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no estado de São Paulo. Entre 2019 e 2022, à frente da Delegacia Geral, liderou a transferência de chefes da facção para presídios federais, visando reduzir o poder da facção dentro das prisões.
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Ao todo, Fontes dedicou mais de 40 anos à Polícia Civil na capital paulista. Ele estava atualmente aposentado da instituição, exercendo a função de secretário de Administração em Praia Grande. Nas últimas semanas, chegou a demonstrar incômodo pela falta de proteção, dizendo estava investigando um possível esquema de licitações na Baixada Santista, que envolvia o PCC.