Venezuela anuncia exercícios militares em ilha do Caribe em meio a tensões com EUA
Forças Armadas contarão com reforço da Milícia Bolivariana; objetivo é elaborar estratégias de defesa e ataque

Camila Stucaluc
A Venezuela informou, na quarta-feira (17), que iniciará uma série de exercícios militares na ilha caribenha de La Orchila, a cerca de 160 km da costa do país. A ação, segundo o governo, envolverá 2.500 integrantes das Forças Armadas, que atuarão em navios e aeronaves, bem como em estratégias de inteligência.
Além dos militares, as manobras contarão com a atuação da Milícia Bolivariana, braço direito das Forças Armadas criado pelo ex-presidente Hugo Chávez. A atuação dos milicianos envolverá desde o patrulhamento para o reconhecimento das praias onde os exercícios serão realizados até a operação de veículos blindados e treinos de tiro.
“Vamos fortalecer nossas capacidade, nossa coesão e nossa capacitação em cada uma das áreas [das Forças Armadas]. Iniciamos o exercício para a paz da Venezuela, por sua independência e pela vitória do povo venezuelano. Teremos uma tragédia estratégia para enfrentar qualquer ameaça”, disse o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López
A mobilização ocorre em meio à crescente tensão entre Venezuela e Estados Unidos. Em agosto, Washington enviou navios militares ao sul do Caribe, próximo à costa venezuelana, em uma missão contra o narcotráfico. A operação despertou alerta no presidente Nicolás Maduro, que começou a mobilizar militares e milicianos.
Isso porque Maduro teme que a operação naval norte-americana na costa da Venezuela seja uma ofensiva disfarçada, com o objetivo de mudar o regime do país à força. Washington considera o presidente como um dos principais narcotraficantes do mundo, alegando que o venezuelano usa organizações criminosas internacionais para levar drogas aos Estados Unidos.
A tensão aumentou nas últimas semanas, quando militares norte-americanos lançaram ataques contra embarcações venezuelanas que supostamente transportavam narcóticos ilegais. A primeira ação, em 2 de setembro, deixou 11 mortos, enquanto a segunda, no dia 15 do mesmo mês, terminou com três mortos e um militar norte-americano ferido.
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Desde então, Maduro ordenou reforço no patrulhamento da fronteira, enviando 25 mil soldados das Forças Armadas ao Caribe e aumentando as inspeções aéreas sobre os navios norte-americanos. A ação fez os Estados Unidos enviarem 10 caças F-35 para um aeródromo em Porto Rico, escalando ainda mais a tensão entre os países.