Mercado de trabalho está aquecido e cenário demanda BC conservador, diz Galípolo
Presidente da autarquia também ressalta que inflação ainda não está onde demanda mandato do Banco Central de busca pela meta

SBT News
com informações da Reuters
É difícil contestar que mercado de trabalho no Brasil está aquecido, disse nesta segunda-feira (1º) o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, ressaltando que dados de emprego e da atividade reforçam necessidade de postura humilde e conservadora da autarquia.
Em evento promovido pela XP Investimentos, em São Paulo, Galípolo afirmou que a inflação ainda não está onde demanda o mandato do BC de busca pela meta e que expectativas e projeções "caem bem menos do que a gente gostaria".
Galípolo também disse que já faz "algum tempo" que autarquia tem usado o termo "bastante" em comunicações oficiais ao defender uma taxa básica de juros, a Selic, restritiva por período "prolongado", enfatizando que essa contagem de prazo não zera a cada reunião de política monetária.
Ele acrescentou que o BC não tem sinalização sobre o próximo passo para os juros básicos porque segue analisando a evolução de dados a cada encontro do Comitê de Política Monetária (Copom).
"Você está falando assim: o 'bastante prolongado', já faz algum tempo que o 'bastante' está ali, então você está considerando que faz algum tempo, é isso mesmo", disse ele ao responder a uma pergunta sobre a comunicação do BC. "O 'bastante', não é que ele zera a cada nova reunião que a gente escreve, ele não zera a cada reunião."
Galípolo ponderou que, ainda assim, o processo de convergência da inflação à meta está se desenrolando de forma lenta e reafirmou a importância de uma postura conservadora por parte do BC.
O BC passou a defender juros contracionistas por "período bastante prolongado" em junho deste ano, quando fez sua última elevação da Selic no ciclo, a 15% ao ano.
Em julho e setembro, a autarquia manteve os juros básicos em 15% ao ano, reafirmando a necessidade de restrição monetária por período bastante prolongado, mas ainda avaliando se o nível de 15% seria suficiente para levar a inflação à meta.
Em novembro, novamente deixando a Selic em 15%, o BC passou a demonstrar convicção de que esse patamar é adequado para cumprir o objetivo, apontando a necessidade de "manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado".
Galípolo ainda afirmou que não tem sido simples analisar o mercado de trabalho no país, mas que, usando várias métricas, é difícil contestar que ele está aquecido, ressaltando que dados de emprego e da atividade econômica reforçam necessidade de postura humilde e conservadora da autarquia.
O presidente do BC avaliou que o tamanho do déficit em transações correntes do Brasil é um indicativo de uma economia "bastante resiliente". Ele também usou como exemplo as vendas da Black Friday no país, que levaram a mais um recorde de transações com Pix na última sexta-feira (28).
Reservas
O presidente do BC disse ainda que a valorização do ouro no período recente aumentou o valor das reservas internacionais do Brasil, embora esse não seja o objetivo inicial da autoridade monetária.
Segundo ele, a autarquia está menos preocupada com a valorização das reservas e mais interessada na diversificação adequada dos ativos.
Galípolo reafirmou que o BC está contente com o sistema de câmbio flutuante e que intervenções cambiais são feitas apenas em casos de disfuncionalidades.
(Por Bernardo Caram)









