Vinhos de Talha do Alentejo, produzido tal como romanos da antiguidade
Conheça essa preciosidade feita seguindo a técnica de dois mil anos ensinada pelos romanos
Renata Cordeiro
Em Portugal, a região do Alentejo, no sul do país, tem sido o grande guardião dos vinhos de talha, preservando, até hoje, esse processo de vinificação desenvolvido pelos romanos.
Do outro lado do rio Tejo, ao longo dos tempos, a técnica de fazer vinho em ânforas -- vaso antigo impermeabilizado com cera de abelha e criado pelos gregos -- foi sendo passada de geração em geração, de forma quase imutável.
O método utiliza além dos bagos das uvas, uma porcentagem de galhos durante as fermentações e com o azeite a fazer às vezes de "rolha" para controlar a oxigenação do vinho.
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O crescente interesse dos produtores alentejanos pelos vinhos de talha e a instalação destas vasilhas de barro em algumas renovadas adegas, como a Herdade do Rocim, trouxe modernidade com técnicas e equipamentos.
Elas visam manter o que há de mais clássico, melhorando o produto final para torná-lo um vinho único, sublime e representante da milenar cultura do vinho alentejano. Só os vinhos de ânfora do Alentejo podem usar a denominação "Vinhos de Talha".
O processo é tradicionalmente o mesmo tanto para brancos como para tintos sendo preciso que a casca esteja com o vinho na ânfora por pelo menos um ano para atender aos critérios dessa técnica que tradicionalmente só esvazia as talhas no Dia de São Martinho - 11 de novembro - ou depois disso.
Também é possível, naturalmente, utilizar a talha apenas como vasilha de fermentação. A grande diferença é que os vasos, feitos com o barro da região, reforçam ainda mais o terroir -- relação entre o solo e o micro-clima, onde nasce um tipo de uva que expressa sua qualidade -- ao contrário das tradicionais barricas de carvalho francês, que acrescentam outros sabores como a baunilha, por exemplo.
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