Ministro da Educação afirma que questões do ENEM são de governo anterior
Camilo Santana disse ainda que Governo Federal é apoiador do agronegócio
Após fortes críticas do agronegócio às questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o ministro da Educação, Camilo Santana, participou de uma audiência pública nas comissões de Educação, Agricultura, Pecuária e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (22.nov). Os requerimentos para a audiência foram feitos pelos deputados Zucco (Republicanos-RS), Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Evair Vieira de Melo (PP-ES), após considerarem que houve politização das provas e discriminação do setor agropecuário.
O Ministro descartou qualquer possibilidade de anulação das questões e afirmou que não há chance de interferência política do governo federal na prova. Ele declarou: "Os itens foram elaborados no governo passado, trata-se de uma questão de interpretação de texto. Não temos nada contra o agronegócio. Aliás, foi nos governos do presidente Lula que o setor mais cresceu". Além disso, Santana frisou que os professores responsáveis pelas questões foram contratados em 2020.
O deputado e membro da FPA, Paulo Bilynskyj (PL-SP), contestou as explicações. "A questão está errada. Eu entendo que a questão foi formulada pela comissão do último governo, mas o senhor tem que anular uma questão obviamente errada. Este é o Ministério da Educação, a educação deve ser correta", criticou. O vice-presidente da FPA, deputado Evair de Melo (PP-ES), criticou a concepção da prova. "O Enem precisa passar por um novo desenho. O conteúdo é muito grave. Das 89 questões, talvez 8 ou 9 são de respostas objetivas, as outras são questões interpretativas", analisou. O ministro reiterou que já havia respondido aos questionamentos sobre o Enem e evitou se prolongar no assunto, informando apenas que em janeiro será lançado um novo edital para elaboradores e revisores do Enem. "Todos são livres para pensar da forma que desejarem pensar. Isso faz parte do nosso modelo educacional brasileiro", concluiu.
MST
O deputado Zucco aproveitou a presença do ministro para questionar sobre o curso de medicina exclusivo para integrantes do MST, proposta da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Camilo Santana alegou que as instituições de ensino têm autonomia universitária para discutir os rumos acadêmicos, mas negou que um curso desta natureza possa restringir o acesso a determinado grupo social. "Quando um curso de medicina é criado, todos os critérios precisam ser estabelecidos de acordo com as normas do Ministério da Educação, que passa pelo Ministério da Saúde. E é para todos, é para todos. Então, eu quero deixar muito claro que não há nenhum tipo de encaminhamento por parte do Ministério da Educação", assegurou Santana.