Idosa morre após lifting facial e lipo de pescoço com dentista; entenda procedimentos
Considerados invasivos, realização de um deles ainda é vedada pelo Conselho de Odontologia no Brasil; saiba riscos

Wagner Lauria Jr.
Marlene da Silva Barros, de 76 anos, morreu após complicações decorrentes de procedimentos estéticos realizados no rosto e no pescoço, em uma clínica de São José dos Campos (SP). Segundo a família, o óbito foi confirmado na segunda-feira (14), após mais de 20 dias de internação.
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A idosa se submeteu a um lifting facial e a uma lipoaspiração da região cervical no dia 20 de junho, na clínica Be Unique. Os procedimentos foram feitos por um dentista, o que é vedado em parte pelo próprio Conselho Federal de Odontologia (CFO) (saiba mais detalhes abaixo). No dia seguinte, Marlene começou a passar mal, com dores, náusea e confusão mental.
Ela foi atendida em um hospital e liberada, mas voltou à unidade no dia seguinte. Foi internada e entubada. A suspeita da família é que ela tenha tido uma infecção generalizada após as intervenções.
A Polícia Civil investiga o caso.
O que são os procedimentos?
O lifting facial é uma cirurgia plástica que visa amenizar sinais de envelhecimento, reposicionando tecidos da face para suavizar rugas e flacidez. Já a lipoaspiração cervical (ou lipo de papada) remove o excesso de gordura acumulada no pescoço e abaixo do queixo, com objetivo estético.
Ambos são procedimentos cirúrgicos invasivos e exigem ambiente hospitalar adequado e cuidados especializados no pós-operatório.
Quem está habilitado a realizar?
No Brasil, a CFO vem autorizando dentistas a fazerem procedimentos estéticos faciais, como harmonização orofacial, com aplicação de substâncias como toxina botulínica e ácido hialuronônico.
Mas há limites: intervenções invasivas como lifting e lipo ainda estão sendo estudados pela entidade para que seja estabelecido um protocolo de segurança para a realização do procedimento.
A última resolução publicada pelo Conselho, inclusive, veda a qualquer cirurgião-dentista a realização de lifting facial e outras intervenções como:
- Alectomia: "afinar" o nariz;
- Blefaroplastia: retirada de excesso de pele nas pálpebras;
- Cirurgia de castanhares ou lifting de sobrancelhas: elevação da cauda da sobrancelha;
- Otoplastia: correção de orelhas proeminentes;
- Rinoplastia: cirurgia para melhorar a forma ou função do nariz;
- Ritidoplastia ou face lifting: suavizar marcas causadas pelo envelhecimento do rosto e pescoço.
Em caso de descumprimento, o profissional estará sujeito a um processo ético-disciplinar.
Já em relação à lipoaspiração, a CFO autoriza para profissionais que tenham especialização em harmonização facial. Por sua vez, o Conselho Federal de Medicina (CFM) ressalta que somente médicos com formação em cirurgia plástica ou cirurgia de cabeça e pescoço estão aptos para realizar a intervenção.
Outra recomendação geral é que pacientes verifiquem também se o local do procedimento tem alvará e estrutura hospitalar adequada.
O que diz a clínica?
Em nota, a clínica Be Unique lamentou a morte, afirmou que o procedimento foi feito por uma “equipe habilitada” e disse ter orientado a paciente a buscar atendimento médico quando surgiram os sintomas. A clínica disse que prestou suporte à família durante a internação e aguarda a apuração oficial para esclarecer as causas do óbito.
“Ressaltamos a importância de se aguardar a conclusão das apurações e investigações para que as causas do falecimento possam ser devidamente esclarecidas”, finalizou a nota.