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Saúde

Doação de sangue não pode ser substituída por remédio: por que ser um doador?

Ato salva vidas, mas baixo número de doadores brasileiros pode levar ao desabastecimento de estoques, especialmente em situações de emergência

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Doação de sangue é necessária para salvar vidas — literalmente | Freepik
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A doação de sangue é um ato de solidariedade que ganha ainda mais relevância quando pensamos em sua importância para o sistema de saúde. A divulgação constante na mídia sobre a necessidade da doação regular é essencial para manter os estoques dos bancos de sangue em níveis adequados.

No Brasil, apenas cerca de 1,5% da população é doadora de sangue, número que, dependendo do período do ano, não é suficiente para garantir a manutenção dos estoques, o que pode levar ao desabastecimento, especialmente em situações de emergência.

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Campanhas de doação, como as realizadas em datas específicas, são fundamentais não apenas para pedir doações, mas também para agradecer e valorizar quem já doa regularmente.

Por que doar sangue?

O “Junho Vermelho”, por exemplo, é uma iniciativa inspirada no Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado em 14 de junho. Essa data homenageia Karl Landsteiner e sua equipe, responsáveis pela descoberta das diferentes tipagens sanguíneas e do fator Rh, fundamentais para a segurança das transfusões. A partir dessa homenagem, surgiu a ideia de criar uma campanha nacional para incentivar a doação voluntária de sangue.

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Quem deve doar?

As campanhas normalmente fazem apelos generalizados, independentemente do tipo sanguíneo, pois todos são importantes e necessários. No entanto, em cenários mais críticos, os pedidos são direcionados para tipos específicos, especialmente para os doadores com fator Rh negativo.

Esse fator é mais raro e compatível com outros grupos sanguíneos, o que torna sua disponibilidade ainda mais essencial. Por exemplo, o tipo O negativo é considerado um “doador universal”, podendo ser utilizado em emergências para qualquer paciente, independentemente da tipagem sanguínea. No entanto, apenas cerca de 15% da população possui sangue Rh negativo, sendo que o tipo O- representa de 8% a 9%, o que contribui para a escassez frequente desse tipo nos estoques.

Felizmente, com o avanço das campanhas de esclarecimento, muitos mitos sobre a doação de sangue têm sido desmentidos. Um dos mais comuns é o medo de que doar sangue possa fazer mal à saúde. A verdade é que o volume coletado é reposto pelo organismo em até 24 horas, e todo o material utilizado é descartável e individual, o que elimina qualquer risco de contaminação. Outro mito recorrente é a crença de que doar sangue engorda ou emagrece — o que não é verdade. A doação não interfere no peso corporal, nem “engrossa” ou “afina” o sangue.

Muitas pessoas também acreditam que, ao doar uma vez, estarão obrigadas a doar sempre, o que também é falso. A doação é voluntária, e a decisão de continuar doando deve partir de um desejo pessoal. Algumas pessoas doam em momentos pontuais, por exemplo, para ajudar um amigo ou familiar, e isso é completamente válido.

Qual é o impacto de uma doação?

O impacto de uma única doação é enorme. Uma bolsa de sangue pode ser fracionada em até quatro componentes distintos: concentrado de hemácias (que ajuda no tratamento de anemias) - parte vermelha do sangue -, e concentrado de plaquetas, plasma fresco congelado e crioprecipitado (utilizados em distúrbios de coagulação) - parte amarela. Isso significa que uma única doação pode ajudar até quatro pessoas diferentes.

Quem doa sangue costuma ser movido por empatia, afeto e vontade de fazer o bem. É um gesto altruísta, sem nenhum benefício material em troca. Para incentivar mais pessoas, é preciso promover o conhecimento sobre todo o processo: como funciona a coleta, como o sangue é utilizado, quem será ajudado e quais são os riscos envolvidos (ou a ausência deles). Esse entendimento cria um senso de responsabilidade social e pode transformar o gesto esporádico em um hábito constante.

Doação não pode ser substituída por medicamentos

A doação de sangue não pode ser substituída por nenhum medicamento ou produto industrializado farmacêutico. É um ato humano, que depende de outro ser humano disposto a sair de casa para ajudar alguém que ele provavelmente nunca conhecerá. Por isso, campanhas de conscientização, aliadas à educação, são fundamentais. Explicar como funciona o ciclo do sangue, como ele é processado e quais são os desafios dos bancos de sangue para captar novos doadores é um passo importante.

A ideia é “plantar a semente” que pode transformar um doador eventual em um doador regular, conhecido como “doador de repetição”. Isso é fundamental, pois sem essa constância, ficamos reféns da doação pontual, quando a pessoa doa apenas em momentos de campanha ou emergência e depois não retorna.

Assim, o objetivo das campanhas educativas deve ser justamente o de criar uma cultura de doação constante, ampliando o número de doadores regulares e garantindo estoques seguros o ano inteiro.

*Fabio Lino é hematologista, diretor do Serviço de Hemoterapia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) e responsável pelo Banco de Sangue da instituição credenciado pelo CRM – 94849

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