Política

Vídeo de produtor criticando governo por conta do preço do arroz é de 2018

Diferentemente do que estava sendo apontado nas redes sociais, protesto tinha como alvo a administração de Michel Temer, não o presidente Lula

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Vídeo mostra homem descartando arroz em frente a uma agência do Banco do Brasil enquanto critica o governo, em 2018 | Foto: Reprodução/Projeto Comprova
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Vídeo que mostra um homem descartando arroz em frente a uma agência do Banco do Brasil enquanto critica o governo está sendo usado fora de contexto. A gravação é verdadeira, mas foi feita em 2018, não em 2025. Ou seja, diferentemente do que os posts atuais sugerem, o protesto, realizado em Querência do Norte, no Paraná, era contra o governo de Michel Temer (MDB), presidente à época, e não contra Lula (PT), o atual chefe do Executivo.

O homem que aparece no vídeo afirma, entre outros pontos, que "não compensa plantar arroz" porque o produto "não tem valor" e que o Brasil está sendo governado "por uma quadrilha". Ao fazer uma busca no Google com as palavras "produtor", "arroz", "banco" e "Paraná", o Comprova encontrou uma reportagem publicada em 25 de maio de 2018 pela BandNews TV. No YouTube, uma pesquisa por "arroz" e "Querência" mostrou o vídeo publicado dois dias antes.

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Segundo o veículo, "entre as principais reivindicações dos rizicultores estão a diminuição dos gastos de produção por meio de cortes de impostos e uma negociação com o Mercosul" para rever acordos sobre a entrada de arroz do Paraguai no Brasil.

No vídeo, o homem também afirma que os produtores vão se juntar aos caminhoneiros "para pedir para esse Brasil um basta". Ele diz que os caminhoneiros estão parados e critica a alta do preço do combustível. A paralisação começou em 21 de maio de 2018 e durou dez dias.

Coluna da Folha de S.Paulo publicada em 23 de maio daquele ano, mesma data da publicação do vídeo no YouTube, dizia que, segundo Vlamir Brandalizze, analista da Brandalizze Consulting, de Curitiba, a saca de arroz "está sendo vendida entre R$ 35 e R$ 36, um valor que não cobre o custo de produção, próximo de R$ 40".

Quem criou o conteúdo investigado pelo Comprova

Um dos perfis que publicou o vídeo, retirando-o de contexto, tem apenas sete publicações. Os três primeiros posts são com imagens de crianças, e os quatro mais recentes são sobre política – dois deles contêm desinformação. Além do post verificado aqui, o perfil também desinforma na penúltima publicação, com um vídeo que diz, erroneamente, que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria dito que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria cobrado poucos impostos dos brasileiros, o que não é verdade, como verificado pelo Comprova.

O post sobre o protesto no Paraná tinha 29,2 mil compartilhamentos e 42,2 mil curtidas até 29 de outubro.

O Comprova tentou contato com o perfil, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Por que as pessoas podem ter acreditado

Ao utilizar um vídeo gravado durante a gestão Temer e apresentá-lo como se fosse um evento atual, o vídeo usa a tática da descontextualização, muito comum entre os desinformadores.

Sem informar a data em que ocorreu, as pessoas — principalmente as que já têm uma visão negativa sobre Lula — logo pensam que as imagens são de agora. E, ao se depararem com algo que confirma o que elas já acreditam, a chance de os internautas verificarem a informação é menor.

Fontes que consultamos: Pesquisa no Google e reportagens sobre produção de arroz e a greve dos caminhoneiros em 2018.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova, grupo formado por 42 veículos de imprensa brasileiros para combater a desinformação, monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas, eleições e golpes virtuais e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança. Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045-4984.

Para se aprofundar mais: O Comprova já explicou que as razões que levaram ao déficit de R$ 2 bilhões nos Correios vão além da "taxa das blusinhas" e já desmentiu uma peça de desinformação envolvendo a estatal, mostrando que a distribuição de material de campanha pela estatal era regular, ao contrário do que dizia homem em vídeo.

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