Publicidade

Para deputada indígena, decisão de Gilmar Mendes sobre marco temporal é “perigosa”

Célia Xakriabá alertou para aumento da violência entre outros riscos aos povos originários

Para deputada indígena, decisão de Gilmar Mendes sobre marco temporal é “perigosa”
Publicidade

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) classificou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sobre o marco temporal dos territórios indígenas como “perigosa”.

Durante o Perspectivas desta quinta-feira (25), em entrevista ao jornalista do SBT Kenzô Machida, a parlamentar indígena alertou para o aumento da violência e de outros riscos aos povos originários por conta da lei de marco temporal promulgada pelo Congresso.

“É uma decisão muito perigosa. O marco temporal prometia segurança jurídica no campo, mas vocês perceberam que acentuou a mortalidade de lideranças indígenas? Vocês perceberam que acentuou a violência no Mato Grosso do Sul? Perceberam que o índice de suicídio, somente no PR, na população kaingang, entre jovens de 14 e 20 anos, aumentou em torno de 3% em menos de um mês? A tese do marco temporal, no caso do Congresso Nacional, ela é pior”, avaliou.

Gilmar Mendes concedeu, nesta segunda-feira (22), uma medida cautelar para suspender todos os processos judiciais brasileiros em que se discute a constitucionalidade da Lei 14.701/2023, que formalizou o Marco Temporal das terras indígenas. A decisão, em caráter liminar, serve para que as ações aguardem o posicionamento definitivo do STF sobre a questão.

Na visão de Xakriabá, essa determinação de Gilmar Mendes praticamente anula a possibilidade de considerar inconstitucional a lei de marco temporal aprovada pelo Congresso.

“Anula toda tese que já foi julgada e dada causa favorável, considerando inconstitucional, porque o direito dos povos indígenas é assegurado pela Constituição, no artigo 231, 232, que garante o direito territorial a língua, costume e tradição”, explicou a parlamentar.

Batizada sob o número 14.701/2023, a lei do Marco Temporal foi sancionada com vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O Congresso Nacional derrubou parte dos vetos. Reincorporou ao texto a exigência do 5 de outubro como parâmetro para a demarcação de terras indígenas. Com a rejeição dos vetos, os parlamentares também fixaram na lei uma série de pré-requisitos para se definir terra tradicionalmente ocupada.

Essa aprovação, porém, deflagrou uma enxurrada de ações no âmbito do Supremo, dentro das quais foi proferida, por Gilmar Mendes, a medida cautelar desta segunda-feira, suspendendo todas as ações sobre o mesmo tema em tramitação fora do STF.

Mercado de carbono

Célia Xakriabá analisou também a situação do mercado de carbono no Brasil, pois, na visão dela, o assunto também envolve territórios indígenas, assim como a economia do país.

A deputada teme que o projeto de lei que está em discussão no Congresso traga uma possível abertura para arrendamento de terras indígenas. Ela demonstrou preocupação também com as garantias de rastreabilidade, e o impacto que a ausência dela pode causar.

“O desmatamento em 2022 na Amazônia diminuiu o PIB em torno de 10%. Nós temos dialogado muito com o Parlamento Internacional sobre as leis de rastreabilidade. Quando os mercados internacionais, as empresas exigem também do Brasil, a lei de rastreabilidade vai impactar diretamente a economia. Queremos discutir uma economia inteligente, e uma economia inteligente é uma economia que não nos mate”, afirmou Xakriabá, ao constatar a importância dos povos indígenas na proteção ambiental.

Assista à entrevista na íntegra:

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Indígenas
Terras Indígenas
STF
Marco temporal
monóxido de carbono

Últimas notícias

Vídeo mostra rapper Diddy agredindo ex-namorada em hotel

Vídeo mostra rapper Diddy agredindo ex-namorada em hotel

Em novembro, Cassie Ventura entrou com uma ação contra o magnata da música por estupro e agressões físicas
100% digital? MPF critica proposta da Anvisa de extinguir bulas impressas em medicamentos

100% digital? MPF critica proposta da Anvisa de extinguir bulas impressas em medicamentos

Órgão federal citou desigualdade de acesso à internet, ausência de alfabetização digital e questões socioeconômicas
Surtos de sarna, piolhos e parasitas podem surgir em áreas de enchentes; veja como prevenir

Surtos de sarna, piolhos e parasitas podem surgir em áreas de enchentes; veja como prevenir

Aglomerações e contato com água e alimentos contaminados aumentam o risco de contrair infecções
Ativistas climáticos são presos após invadirem pista em aeroporto na Alemanha

Ativistas climáticos são presos após invadirem pista em aeroporto na Alemanha

Grupo protestava contra poluição causada por aviões; 60 voos precisaram ser cancelados
Moraes pede avaliação da PGR sobre arquivamento de inquérito contra Bolsonaro

Moraes pede avaliação da PGR sobre arquivamento de inquérito contra Bolsonaro

Investigação avalia se o ex-presidente interferiu na Polícia Federal com troca de diretores, como afirmou Moro
Pedalando sobre as ondas: Aventura ciclística de Copacabana a Jacarepaguá

Pedalando sobre as ondas: Aventura ciclística de Copacabana a Jacarepaguá

Descubra a emocionante jornada dos ciclistas pela deslumbrante ciclovia à beira-mar do Rio de Janeiro
Brasil se aproxima de 5 milhões de casos suspeitos de dengue em 2024

Brasil se aproxima de 5 milhões de casos suspeitos de dengue em 2024

MG e SP continuam liderando ranking de infecções; número de óbitos passa de 2,7 mil
ENGANOSO: Vídeo engana ao dizer que Anvisa impede transporte de medicamentos no RS

ENGANOSO: Vídeo engana ao dizer que Anvisa impede transporte de medicamentos no RS

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova
RS tem alerta de risco para inundações e deslizamentos neste sábado (18)

RS tem alerta de risco para inundações e deslizamentos neste sábado (18)

Estado também está em alerta amarelo para chuvas intensas e ventos fortes
Sobe para 155 o número de mortos pelas chuvas no Rio Grande do Sul

Sobe para 155 o número de mortos pelas chuvas no Rio Grande do Sul

94 pessoas seguem desaparecidas e 806 foram resgatadas feridas; mais de 92% dos municípios do estado foram afetados
Publicidade
Publicidade