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No terceiro mandato, Lula não esquece dos 'fantasmas' da Operação Lava Jato

Em ao menos seis discursos oficiais, o presidente criticou a operação. A última ocorreu nesta semana, durante assinatura do reajuste do programa Bolsa Atleta

No terceiro mandato, Lula não esquece dos 'fantasmas' da Operação Lava Jato
Lula assina reajuste do Bolsa Atleta - Ricardo Stuckert - PR.jpg
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Luiz Inácio Lula da Silva está no 19º mês de seu terceiro mandato como presidente da República. Entre as marcas de seus vários discursos, ele gosta de exaltar sua experiência de ter vencido três eleições, os feitos de suas gestões anteriores e alfinetar alguns adversários, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas para além da disputa política, Lula costuma se emocionar quando fala daquilo que considera o maior adversário político de sua trajetória: a Operação Lava Jato.

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Em reunião com atletas olímpicos e paralímpicos na última quinta-feira (11), o chefe do Palácio do Planalto voltou a transparecer seu incômodo com os "fantasmas" da Lava Jato e seus desdobramentos, em especial nos governos petistas. Ao longo desses 19 meses de mandato, Lula fez uma série de críticas à operação que culminou em sua prisão em abril de 2018. O petista ficou preso por mais de 500 dias e foi impedido de disputar as eleições de 2018, que terminaram com a vitória de Jair Bolsonaro (PL) contra Fernando Haddad (PT).

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Emocionado, o presidente falou sobre o sentimento de ter trazido as Olimpíadas de 2016 para o Rio de Janeiro, mas lamentou não ter sido convidado para a cerimônia de abertura, em 5 de agosto daquele ano. A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) havia sido afastada do cargo por conta do processo de impeachment e Michel Temer (MDB) ocupava a presidência interinamente. Lula também lembrou da campanha para trazer a Copa do Mundo para o Brasil.

“O ódio estava tomando conta da sociedade brasileira, aquela raiva, sabe? Eu lembro da quantidade de denúncias de corrupção na Copa do Mundo. A quantidade de denúncias de corrupção sem ninguém nunca provar. Nunca se provou que houve corrupção nos estádios brasileiros e no esporte olímpico. Mas era o que a gente ouvia todo dia”, disse Lula emocionado.
“Eu fui o cara que trouxe a Copa do Mundo para cá e não pude assistir a Copa do Mundo e fui o companheiro que trouxe as Olimpíadas e não fui convidado para a abertura. Fiquei frustrado depois de tanta emoção e de tanta alegria pelo fato de você ter tido outras pessoas governando o país. Pessoas que não tinham a cabeça civilizada”, acrescentou o presidente.

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Na abertura da Copa, em 12 de junho de 2014, Dilma Rousseff recebeu sonoras vaias pelo público presente, e Lula não se fez presente devido ao clima político hostil com manifestações antigoverno e a Lava Jato tendo começado alguns meses antes, em 17 de março.

Na abertura das Olimpíadas, em agosto de 2016, Lula não foi convidado, mesmo tendo capitaneado a campanha no Comitê Olímpico Internacional (COI).

Segundo levantamento feito pelo SBT News, desde que reassumiu a presidência, Lula criticou a direta ou indiretamente a operação em ao menos seis discursos oficiais.

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“Na verdade, Lula encara a Lava Jato como um projeto político partidário, o qual posteriormente se confirmou com alguns membros entrando na disputa eleitoral. Por isso, o “rancor” de Lula é bem direto com a operação”, disse o cientista político Tiago Valenciano. Na sua avaliação, Valenciano se refere a nomes como o senador e ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-procurador e deputado federal cassado, Deltan Dallagnol (Novo-PR).

Ambos eram líderes da operação. O cientista político afirma ainda que as diferenças de popularidade estão mais relacionadas à economia e menos por respingos da Lava Jato, principalmente por ter sido preso, algo que é constantemente lembrado por adversários políticos.

“A busca por ampliar a aprovação reflete os momentos completamente diferentes: saiu do mandato em alta, com boa popularidade e com o partido político estruturado e organizado. Entrou nesse terceiro mandato carregando a rejeição dos opositores e mais, buscando melhorar a imagem de um partido que já não governa a maioria da população”, disse Valenciano.

Em junho, durante a posse da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, Lula acusou a Operação Lava Jato de tentar destruir a estatal para “vender” um patrimônio brasileiro.

“A farsa que sustentou a Lava Jato foi desmontada e aqui estamos de volta para reconstruir a Petrobras e o Brasil. Para reafirmar o papel da Petrobras no crescimento do país e nossa soberania”, afirmou.

“Se o objetivo fosse combater a corrupção, que punisse os corruptos, deixando intacto o patrimônio do nosso povo. Mas eles quiseram vender o nosso patrimônio”, disse Lula. "Queriam entregar esse extraordinário patrimônio nas mãos de petrolíferas estrangeiras. Quando não conseguiram, passaram a vender fatias da Petrobras", acrescentou.

Em janeiro, anunciou a retomada de investimentos na Abreu e Lima, refinaria apontada como “símbolo” da corrupção na Petrobras, apontada pela Lava Jato. Lula aproveitou o discurso para alfinetar a finada operação Lava Jato e acusou juízes e procuradores de “mancomunar com os Estados Unidos” para atacar a soberania do Brasil.

“Esse processo de investigação, na verdade, era contra a Petrobras. Se você, de fato, apurar corrupção, se o Jean Paul (presidente da Petrobras), manda ele embora e para cadeia. O que não pode é punir é a soberania de um país com Brasil e de sua empresa mais importante que é a Petrobras", disse o chefe do poder Executivo.

"História a ser contada"

Segundo Lula, a história "ainda vai ser contada". "Tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação (combinação) entre alguns juízes e procuradores deste país, subordinados ao departamento de Justiça dos EUA. Eles nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras. Eles não queriam que a gente fizesse a Petrobras, em 1953”, concluiu Lula.

Em maio deste ano, o presidente visitou frigorífico da JBS em Mato Grosso do Sul para acompanhar o primeiro embarque de carnes do frigorífico da empresa para a China, após conseguir um certificado de exportação ao país asiático.

Lula se encontrou com os donos da empresa, os irmãos Joesley e Wesley Batista, sete anos depois. Na ocasião, o presidente também criticou a Lava Jato, definindo a operação da Polícia Federal como “a maior mentira já contada no Brasil” e que “a história se encarregará de provar”.

Em entrevista concedida em março de 2023, logo no começo do governo, Lula admitiu ter sentido muita mágoa no tempo em que ficou na cadeia. Durante o período, a ex-mulher Marisa Letícia e o irmão Vavá morreram enquanto ele estava detido na Polícia Federal.

“Muita mágoa, muita mágoa. A morte da Marisa foi uma coisa muito ruim. Depois a morte do meu irmão quando eu estava na Polícia Federal foi muito ruim. As acusações, as leviandades, o que as pessoas escreviam. Isso tudo é muito, muito duro, muitas vezes você precisa se preparar para suportar isso”, disse Lula, que admitiu ainda ter dito a procuradores que iam visitá-lo na prisão que queria “fod…” com o senador e ex-juiz Sergio Moro, a liderança da Lava Jato.

“De vez em quando um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar, se estava tudo bem. Entrava 3 ou 4 procuradores e perguntava ‘tá tudo bem?’. Eu falava ‘não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu fod… esse Moro’. Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí…”, disse Lula em mais um desabafo sobre a Lava Jato.

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