Na abertura da Cúpula do Brics, Lula diz que "é sempre mais fácil investir na guerra do que na paz"
Neste domingo, presidente brasileiro fez críticas ao aumento dos gastos militares e defendeu a soberania do Irã, Ucrânia e Palestina

Hariane Bittencourt
O presidente Lula (PT) disse, neste domingo (6), que "é sempre mais fácil investir na guerra do que na paz". Na abertura da 17ª Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, ele fez críticas à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e voltou a condenar o que chamou de "violações à integridade territorial" do Irã e da Ucrânia.
"A recente decisão da Otan alimenta a corrida armamentista. É mais fácil destinar 5% do PIB para gastos militares do que alocar os 0,7% prometidos para a assistência oficial do desenvolvimento. Isso evidencia que os recursos para implementar a agenda 2030 existem, mas não estão disponíveis por falta de prioridade política", afirmou o presidente brasileiro.
+ Cúpula do Brics começa neste domingo no Rio de Janeiro; confira a programação
+ Haddad defende taxação dos super-ricos durante reunião do Brics
Diante das lideranças dos países-membros do grupo, Lula disse que o mundo está diante de um número inédito de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. "O temor de uma catástrofe nuclear voltou ao cotidiano, as violações recorrentes da integridade territorial dos estados solapam os esforços de não proliferação de armas atômicas", pontuou.
Acompanharam o discurso do presidente do Brasil os ministros das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, da Rússia, Sergey Lavrov. Irã está no centro de um recente conflito armado com Israel, que tenta impedir o avanço do programa nuclear iraniano. Já a Rússia protagoniza uma guerra com a Ucrânia, que dura mais de três anos.
"O governo brasileiro denunciou as violações à integridade territorial do Irã, como já havia feito no caso da Ucrânia", lembrou Lula. Ele também pediu o fim da guerra entre Israel e Hamas. "Absolutamente nada justifica as ações terroristas perpetradas pelo Hamas, mas não podemos permanecer indiferentes ao genocídio praticado por Israel em Gaza e a matança indiscriminada de civis inocentes e o uso da fome como arma de guerra", disse o petista.
E continuou: "A solução desse conflito só será possível com o fim da ocupação israelense e com o estabelecimento de um Estado palestino soberano". Neste domingo, o presidente brasileiro falou durante a primeira sessão plenária, com o tema “Paz e Segurança e Reforma da Governança Global”.
Foto de família

Antes de discursar, Lula e os demais líderes internacionais posaram para a tradicional foto oficial do Brics. No registro, os integrantes aparecem de mãos dadas como forma de indicar uma tendência de harmonia e consenso multilateral, a despeito das divergências internas. A cúpula segue até amanhã (7) no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
Repercussão
Em nota, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) se manifestou com "profunda indignação diante das recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirmando que o político brasileiro "ignora, mais uma vez, a realidade dos fatos".
A federação afirma ainda que, ao falar em "genocídio", Lula "desrespeita mais uma vez a memória das vítimas do Holocausto e banaliza um dos crimes mais graves da história da humanidade".
"A Federação Israelita de do Estado de São Paulo reafirma que Israel e os judeus ao redor do mundo desejam, sim, um Estado Palestino, mas livre do terrorismo do Hamas e sem o financiamento antissemita do Irã", afirma o documento.