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Política

Governadores da oposição criticam Lula por condução do tarifaço com Trump

Embate entre ministros e oposição acontece há menos de uma semana do início da taxação norte-americana

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Governadores da oposição criticaram neste sábado (26) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela condução das negociações com o presidente norte-americano Donald Trump sobre o tarifaço.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu às declarações. O embate evidencia a tensão gerada pelas incertezas e ameaças de novas sanções dos Estados Unidos, que acontecerá no dia 1 de agosto.

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez críticas durante um painel no festival de investimento "Expert XP 2025". Segundo ele, simulações apontam que um aumento de 50% nas tarifas pode ter forte impacto na economia paulista.

“A gente pode estar falando de 44 mil a 120 mil empregos a menos. Isso eu estou falando só do cenário de São Paulo. A gente pode estar falando de uma perda de massa salarial de R$ 3 bilhões a R$ 7 bilhões por ano, então de fato é muito impactante”, afirmou o governador paulista.

Sem citar diretamente o presidente Lula, Tarcísio também criticou a atuação do governo federal nas tratativas com Donald Trump.

“A pior agressão à soberania é a divisão interna. Então, se a gente não colocar a bola no chão, não agir como adultos e não resolver o problema, quem vai perder é o Brasil”, disse.

A ministra Gleisi Hoffmann rebateu as críticas, dizendo que as falas de Tarcísio são um “oportunismo lamentável”.

Segundo a ministra, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), aliado do governador paulista, é quem estaria bloqueando qualquer negociação ao exigir anistia e até o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como condição para suspender a “chantagem contra o Brasil”.

Além de Tarcísio, os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), também participaram do evento e criticaram o governo federal.

“Hoje, temos um governo que demonstra que não sabe onde quer chegar. Sobre uma questão tão importante, que é o tarifaço do Trump, muitas vezes o Brasil se vitimiza demais”, afirmou Caiado.

O mal-estar em torno do aumento das tarifas se agravou com a possibilidade de a Casa Branca anunciar novas sanções contra ministros do STF com base na chamada Lei Magnitsky. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL) afirmou, em entrevista, que Trump pode aplicar mais punições.

O que é a Lei Magnitsky?

A Lei Magnitsky permite aos Estados Unidos punir estrangeiros acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. As penalidades incluem bloqueio de bens, contas e investimentos nos EUA, além da proibição de entrada no país. Atualmente, 8 ministros da Corte já são alvo dessas sanções.

Segundo o repórter Murilo Fagundes, em Brasília, poucos ministros do STF têm propriedades nos Estados Unidos, mas alguns possuem investimentos e utilizam serviços de empresas norte-americanas.

Com as novas ameaças, o clima é de tensão na Corte. Um grupo liderado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, defende uma resposta pública e mais enérgica, enquanto outros, como o ministro Luís Roberto Barroso, preferem a cautela.

Para o especialista em direito internacional David Sobreira, mestre pela Universidade de Harvard, a Lei Magnitsky tem efeitos severos.

“Os Estados Unidos se fecham para você. E quando a gente diz Estados Unidos, não é só o governo, é o setor público e o privado. Eles proíbem qualquer entidade ou pessoa dos EUA de ter relação com você. Redes sociais cortam o acesso, mecanismos de pagamento como Visa, PayPal ou Mastercard deixam de operar, bancos encerram relações. Por isso ela é apelidada de ‘bomba nuclear diplomática’”, explica.

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