Moraes manda prender golpista no Rio, que pula muro e foge da PF
Outros 2 dos 8 suspeitos de financiar invasão aos Três Poderes, alvos da Operação Lesa Pátria, são procurados

Ricardo Brandt
Um dos oito golpistas alvos de mandado de prisão na Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF), nesta 6ª feira (20.jan), conseguiu fugir pulando o muro da casa onde estava, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
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Raif Jibran Filho aparece em vídeos convocando pessoas para a invasão. Sócio de um restaurante, em Alto Paraíso (GO), ele é um dos acusados de ser um dos financiadores dos atos de invasão e depredação da sede dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8.
Após os atos golpistas, ele teria viajado para o Rio. Assim que a PF chegou no local para cumprir a ordem de prisão, descobriu que ele havia fugido.

A primeira fase da Operação Lesa Pátria teve 8 mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão em cinco estados (São Paulo, Rio, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul) e no Distrito Federal.
São investigados possíveis "crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido".
Os pedidos de prisão e busca e apreensão foram feitos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de Jibran Filho, outros dois alvos da PF não foram presos nesta 6ª feira. São Diogo Arthur Galvão e Rieny Munhoz Marçula.
Galvão é de Campinas (SP), a família tem madeireira. Ativista bolsonarista, ele publicou vídeos convocando as pessoas para os atos golpistas e dentro dos prédios invadidos.

Rieny Munhoz Marçula é também de Campinas, tem comércio e foi uma das 52 pessoas que tiveram bens bloqueados por ordem do STF, atendendo pedido da Advocacia-Geral da União (AGU). Ela teria sido responsável pela contratação de um ônibus que levou 39 pessoas ao DF.
Presos
Cinco dos alvos foram presos. O objetivo é buscar "identificar pessoas que participaram, financiaram ou fomentaram os fatos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal".
O grupo será responsabilizado pelas invasões e pela violência e dano generalizado contra os imóveis, móveis e objetos das instituições, segundo a PF.

Ramiro Cruz Junior foi preso em São Paulo. Conhecido como Ramiro Caminhoneiro, ele aparece em vários vídeos e grupos em que bolsonaristas foram convocados a participar dos ataques contra os três Poderes. Filiado ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi candidato a deputado federal por São Paulo nas últimas eleições. Em sua residência foi apreendida uma bandeira com ataques aos Três Poderes.

Também foi preso Renan Silva Sena, conhecido bolsonarista, que trabalhou no governo, e protagonizou episódios de agressão verbal e incitação ao ódio. Foi ele que no auge da pandemia da covid-19, em 2020, xingou duas enfermeiras na Esplanada, durante ato pelo isolamento social. Já foi detido também por vídeo com ofensas contra autoridades e contra o governador afastado Ibaneis Rocha (MDB).
Renan Sena foi preso em Brasília e com ele foram apreendidos R$ 22 mil em dinheiro vivo. Ele usou as redes sociais para convocar os atos golpistas. Em um vídeo feito no acampamento dos golpistas em frente ao quartel do Exército em Brasília, dois dias antes da invasão dos Três Poderes, ele cita a "grande ação neste fim de semana [8 de janeiro]".

Leonardo Alves Fares foi preso também no DF. Ele aparece em vídeos divulgados ao vivo no dia 8 invadindo o prédio do Senado, local onde policiais foram encurralados por golpistas.

Randolfo Antônio Dias foi preso em Minas, é suspeito de incitar atos violentos e ações ilegais, como paralisação de refinarias e rodovias e enviou áudios falando sobre a morte do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes.

Soraia Bacciotti é interprete de libras e foi presa em Mato Grosso do Sul. Atuava em auxílio dos atos golpistas e trabalhou na campanha do candidato ao governo do estado Capitão Contar (PRTB), apoiado por Bolsonaro.
Os alvos ficarão presos durante as investigações. A PGR deve deflagrar ainda outras operações na mega investigação sobre os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Além dos financiadores, são alvos os autores intelectutais, os operadores, os executores e os incentivadores, além das autoridades por possível omissão.
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