RS: Motoboy ameaçado de morte por homem branco presta depoimento
Autor de ataque apareceu sorrindo enquanto vítima era colocada em camburão por policiais
O motoboy que sofreu uma tentativa de homicídio por um homem branco em Porto Alegre no último sábado (17) vai prestar depoimento na segunda-feira (19), na Corregedoria da Polícia Militar do Rio Grande do Sul. A vítima do ataque foi colocada no camburão da viatura, enquanto o autor do ataque apareceu sorrindo e conversando com os agentes. O caso causou revolta e levantou debates sobre o racismo estrutural e institucionalizado no país.
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Testemunhas afirmaram que o trabalhador Everton Henrique Goandete da Silva teve uma faca apontada para o pescoço por Sérgio Camargo Kupstatis. Mesmo sendo filmados, os policiais não se intimidaram com a afirmação e imobilizaram a vítima da agressão.
O entregador estava desarmado e foi algemado, enquanto uma outra filmagem mostra o idoso branco com um objeto metálico nas mãos.
Everton prestou depoimento e fez exame de corpo de delito. O idoso também foi levado para prestar depoimento. Em um vídeo divulgado pelo portal Sul 21, o motoboy afirma que estava parado quando o autor do ataque, que mora na frente do ocorrido, sacou uma faca e desferiu um golpe no pescoço.
Polícia agiu de forma preconceituosa, diz advogado
O advogado Ramiro Goulart, membro do Conselho de Direitos Humanos do Rio Grande do Sul e que representa o motoboy, afirmou que a polícia agiu de forma preconceituosa. “É esse tipo de abordagem que tem que mudar, porque a polícia não pode chegar no local, presumindo que o negro o seja o criminoso e o branco seja vítima".
A reportagem tentou contato com o homem branco que atacou o motoboy, mas não obteve retorno.
O caso é investigado pela Polícia Civil e, além do registro do crime, outra ocorrência foi feita por abuso de autoridade. O Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, afirmou em uma rede social que o “racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”.
Anielle Franco, Ministra da Igualdade Racial, afirmou que as imagens causam revolta pelo indício de racismo institucional. O governador Eduardo Leite afirmou que determinou a abertura de uma sindicância na Corregedoria da polícia.