Ouvidoria da PM de SP cobra apuração sobre policiais que entraram armados em escola
Agentes foram acionados pelo pai de uma aluna, que se revoltou com atividade escolar da filha que abordou religiões de matriz africana

Sofia Pilagallo
Agência SBT
A Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo solicitou à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo que apure a ação de quatro policiais militares que entraram armados numa escola municipal de ensino infantil. O caso ocorreu em 11 de novembro, na EMEI Antônio Bento, no bairro Caxingui. Abalada, a diretora da escola pediu afastamento após o episódio.
Segundo funcionários e professores, os policiais foram acionados pelo pai de uma aluna, que é também servidor da segurança pública de São Paulo. Ele teria visto o desenho de um orixá e ficado revoltado ao saber que a filha teve aula que tratava de temas envolvendo religião de matriz africana.
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A Ouvidoria pediu as imagens das câmeras corporais dos policiais militares, bem como do circuito interno da escola. O órgão também abriu um procedimento para apurar a conduta do pai enquanto servidor, para que medidas também sejam tomadas com relação a ele.
"É preciso apurar com rigor, responsabilizar e corrigir firmemente atos dessa natureza, sob pena de termos um crescimento ainda maior da intolerância, que é oposta ao conhecimento, não podendo coexistir com o princípio básico de qualquer religião ou sociedade civilizada que é o amor e a tolerância", afirmou a Ouvidoria.
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Questionada, a Secretaria da Segurança Pública informou que a Polícia Militar instaurou apuração sobre a conduta da equipe que atendeu a ocorrência com a análise das imagens das câmeras corporais dos policiais. A pasta também relatou que a professora da unidade de ensino registrou boletim de ocorrência por ameaça contra o pai da aluna.
Ainda segundo a Secretaria, a a atividade realizada pela aluna está em conformidade com a a Lei nº 10.639/03, alterada pela Lei 11.645/08. A norma estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena no currículo de todas as escolas de ensino fundamental e médio, tanto públicas quanto privadas.
O Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) reafirmou que a atividade desenvolvida pela escola tem respaldo pedagógico e legal e repudiou a ação dos policiais. A entidade exigiu "apuração rigorosa dos fatos" e reivindicou que a Secretaria Municipal de Educação ofereça apoio institucional e psicológico à equipe da escola.









