Jovem é morto por agentes da Polícia Federal durante operação em Belém; família contesta versão oficial
Parentes afirmam que Marcelo Araújo, de 24 anos, foi confundido com o verdadeiro alvo da ação, preso no mesmo local
Andrey Araújo
Ricardo Taíra
Agentes da Polícia Federal são suspeitos de matar um jovem inocente durante uma operação contra o tráfico internacional de drogas, em Belém. Os policiais alegam que o rapaz reagiu à abordagem, mas a família da vítima nega a versão.
Marcelo Vitor Carvalho de Araújo, de 24 anos, foi morto dentro do apartamento onde morava, no bairro do Jurunas, durante uma ação da Polícia Federal na manhã da última quarta-feira (8). Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que os agentes chegam fortemente armados ao local.
Segundo a tia da vítima, Ana Carolina Carvalho, os policiais arrombaram a porta do apartamento. “Nesse horário, a minha irmã estava acordada dentro do quarto, mas nunca imaginou que fosse no apartamento dela, achando que pudesse ser no vizinho. Foi quando ela escutou os tiros. Ela disse que o intervalo entre o estrondo e o primeiro tiro foi de segundos. O primeiro tiro foi de fuzil no peito, não foi um tiro de contenção”, relata.
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De acordo com a investigação, o verdadeiro alvo da operação era outro homem, Marcelo Pantoja Rabelo, de 45 anos, namorado da mãe da vítima. Ele tem ficha criminal e foi preso durante a ação. Embora não morasse no local, Rabelo estava no apartamento no momento da operação.
A família afirma que os agentes sabiam que o suspeito estava no prédio, mas não tinham mandado judicial para entrar no apartamento onde Marcelo morava.
“O próprio agente da Polícia Federal disse pra minha irmã que, na noite anterior, eles estavam seguindo ele e viram quando ele entrou no prédio. Mas eles não tinham mandado para entrar no apartamento da minha irmã”, conta Ana Carolina.
Os familiares também alegam que os policiais federais não permitiram que a Polícia Civil do Pará realizasse a perícia e removeram o corpo. O procedimento será conduzido por um perito da Polícia Federal de Brasília, que chegou a Belém nesta quinta-feira.
Formado em Educação Física, Marcelo era filho de uma escrivã e trabalhava no setor administrativo da Polícia Civil do Pará. O caso é acompanhado pelo sindicato da categoria.
“Requisitamos ontem ao governador do estado que oriente o secretário de Segurança Pública a instaurar o inquérito policial. Houve inúmeros erros nessa operação, e eles precisam ser apontados dentro de um inquérito isento. Não podemos deixar que apenas o órgão envolvido participe da investigação”, afirmou Edndaldo Santos, presidente do Sindpol.
Em nota, a Polícia Federal informou que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para apurar as circunstâncias da morte.