Vaticano chama mudança de gênero de 'ameaça à dignidade humana'
Afirmações fazem parte da declaração "Dignitas infinita", publicada por autoridades católicas e aprovada pelo papa Francisco
O Vaticano afirmou nesta segunda-feira (8) que cirurgias de mudança de sexo, aborto e barriga de aluguel são "graves ameaças à dignidade humana". As declarações fazem parte do documento "Dignidade Infinita" (Dignitas infinita, em italiano), que está em formulação há cinco anos e foi aprovado em 25 de março pelo Papa Francisco.
"O Catecismo da Igreja Católica nos convida expressamente a reconhecer que o corpo do homem participa da dignidade de 'imagem de Deus'. Tal verdade merece ser recordada sobretudo quando se trata do tema da mudança de sexo", afirma.
"É no corpo, de fato, que cada pessoa se reconhece gerada por outros e é através do seu corpo que homem e mulher podem estabelecer uma relação de amor capaz de gerar outras pessoas", continua o texto, que conclui: "Daqui deriva que qualquer intervenção de mudança de sexo normalmente se arrisca a ameaçar a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção".
O documento é considerado uma espécie de aceno aos conservadores depois de o papa ter escrito um documento aprovando bênçãos para casais do mesmo sexo, o que suscitou críticas de bispos conservadores em todo o mundo, especialmente na África.
+ Vaticano diz que benção a casais homossexuais não significa "absolvição"
O texto também é uma espécie de reformulação das posições anteriormente articuladas do Vaticano. E reafirma a conhecida doutrina católica que se opõe ao aborto e à eutanásia, e acrescenta à lista algumas das principais preocupações de Francisco como papa: as ameaças à dignidade humana representadas pela pobreza, pela guerra, pelo tráfico de seres humanos e pela migração forçada.