Resgates no RS: voluntários relatam desafios para convencer as vítimas a deixarem suas casas
Na última quarta-feira (8), equipes foram surpreendidas por um tiroteio enquanto tentavam fazer o resgate de famílias
Nathalia Fruet
Voluntários retornaram a uma região de condomínios na zona norte de Porto Alegre após terem deixado o local devido a um tiroteio. Nesta quinta-feira (9), as equipes conseguiram resgatar moradores, a maioria idosos.
O bombeiro civil Márcio Cardoso não desiste de ajudar, mesmo quando criminosos tentam atrapalhar. "O pessoal está com bastante resistência para sair dos imóveis, muita gente com receio de sair, por medo de assalto", conta ele, em entrevista ao SBT Brasil.
Na última quarta-feira (8), no mesmo local, as equipes foram surpreendidas por um tiroteio enquanto tentavam fazer o resgate de famílias. O grupo foi obrigado a se retirar e retornou hoje para tentar convencer as vítimas das enchentes a sair, agora com escolta de policiais que vieram de Santa Catarina para reforçar a operação.
O motorista Michael Campos diz que as pessoas têm medo de permitir a entrada dos socorristas. “O pessoal tem medo até de abrir as portas para gente poder tentar entrar para retirá-las”, relata.
Para convencer os moradores a aceitar o resgate, os voluntários usaram mensagens no grupo do prédio, explicando que há banho quente, comida e toda a estrutura necessária para receber os resgatados, além de permitir animais de estimação.
Dona Jussara, uma das moradoras resgatadas, só sairia com a presença do filho, que mora no litoral gaúcho. "Eu vim de Imbé para buscar eles", diz o parente, que convenceu a mãe a deixar o local. “Feliz eu não estou, devido à situação. Mas estou sendo resgatada, vou ver meus filhos”, afirma a dona de casa.
Por morar sozinha, a doméstica Noemi Marlene de Quadros também estava com medo de sair, mas acabou aceitando a ajuda. "Eu quero chegar em terra para pedir o resgate de alguém e levar notícia dos que estão ficando aqui", confessa.
Enquanto isso, em Canoas, na região metropolitana, os bombeiros resgataram o cavalo Caramelo, que ficou quatro dias no telhado de uma casa. Ele foi levado a um hospital veterinário e está bem. O governo do estado informou que quase 2 mil animais foram resgatados no Rio Grande do Sul.