EUA e China firmam acordo sobre as 'terras raras'
Conjunto de minérios é essencial para a produção de tecnologia de ponta

Marcos Marinho
Na última quinta-feira (26), os Estados Unidos e a China firmaram um acordo comercial para agilizar a importação da terras raras.
O acordo pode ser visto por analistas comerciais como uma trégua momentânea sobre as sanções comerciais que ambos os países se envolveram no início do ano.
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Em maio, novas negociações entre EUA e China ocorreram em Genebra, e Pequim se comprometeu a remover as contramedidas não tarifárias impostas aos Estados Unidos desde 2 de abril.
Como parte de sua retaliação contra o aumento das tarifas impostas pelo governo norte-americano, o governo chinês suspendeu as exportações de uma ampla gama de minerais e ímãs essenciais, interrompendo as cadeias de suprimentos essenciais para montadoras, fabricantes aeroespaciais, empresas de semicondutores e contratantes militares ao redor do mundo.
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Terras raras
Em um resumo, os elementos de terras raras são particularmente importantes para as principais tecnologias da transição energética e são essenciais para a fabricação de diferentes produtos tecnológicos de ponta. Além disso, esses elementos são considerados estratégicos para a economia do futuro, já que eles têm seus próprios usos na indústria: európio para telas de televisão; cério para polimento de vidro e lantânio para catalisadores de motores de combustão, por exemplo.
Os elementos de terras raras consistem em um conjunto de 17 elementos químicos. São eles: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio, ítrio e escândio.
'Chantagem' comercial
O acordo firmado entre os países retrata um afrouxamento das medidas tomadas por Trump no início do ano, já que a China poderia usar esse embargo comercial das terras raras para afetar a produção tecnológica norte-americana. O motivo? Os EUA praticamente não contam com terras raras.
Em 2024, o Centro Geológico dos Estados Unidos estimou que há mais de 110 milhões de toneladas de terras raras no mundo, e só na China, que lidera o ranking, existem 44 milhões de toneladas. Na sequência aparecem o Vietnã, com 22 milhões de toneladas; Brasil, com 21; Rússia, com 10; e Índia, com 7.
Assim como diversas outras nações, os norte-americanos têm grande dependência da exportação chinesa de terras raras.
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Troca de favores
Não ficou claro se o acordo mais recente era diferente daquele anunciado por Trump duas semanas antes , que, segundo ele, facilitaria a obtenção de ímãs e minerais de terras raras pelas indústrias americanas . Esse pacto abriu caminho para a continuidade das negociações comerciais, enquanto os EUA concordaram em parar de tentar revogar vistos de cidadãos chineses em campi universitários americanos .
O Ministério do Comércio da China disse, nesta sexta-feira (27), que as duas partes "confirmaram ainda mais os detalhes da estrutura do acordo". Mas sua declaração não mencionou explicitamente o acesso dos Estados Unidos às terras raras.