Comunista Jeannette Jara vence eleições primárias de esquerda no Chile
Ex-ministra do Trabalho será a representante do campo político nas eleições de novembro

SBT News
com informações da Associated Press
A comunista Jeannette Jara, de 51 anos, venceu as eleições primárias dos partidos de esquerda do Chile neste domingo (29). A ex-ministra do Trabalho conquistou mais de 60% dos votos e vai representar o governo chileno nas eleições de novembro.
Devido aos limites de mandato, o atual presidente de esquerda, Gabriel Boric, 39, não pode concorrer a um segundo mandato consecutivo.
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Jara, advogada e membro do Partido Comunista do Chile, renunciou ao ministério de Boric para concorrer à presidência e obteve 60,5% dos votos. A segunda colocada, considerada até então favorita — a ex-ministra do Interior Carolina Toha, do tradicional Partido Socialista Democrático —, obteve 27,7%.
“Hoje começa um novo caminho que trilharemos juntos, com a convicção de construir um Chile mais justo e democrático”, escreveu Jara nas redes sociais. “Diante da ameaça da extrema direita, respondemos com unidade, diálogo e esperança.”
Disputa eleitoral
Jara terá uma disputa difícil contra os representantes de centro-direita e extrema-direita nas eleições do dia 16 de novembro, que vão eleger o presidente para o mandato de 2026-2030
Pesquisas de opinião recentes mostram que a popularidade do governo de esquerda está em declínio em um momento de crescimento econômico lento e temores crescentes sobre o crime organizado e a migração.
Essas questões ajudaram a mobilizar apoio aos candidatos de direita do Chile, particularmente o advogado ultraconservador e ex-parlamentar José Antonio Kast, e prepararam o cenário para uma eleição profundamente polarizada.
Outra favorita da direita é Evelyn Matthei, ex-ministra do Trabalho cujas propostas de políticas favoráveis aos negócios encantaram os investidores.
Voto obrigatório
Após a eleição de Boric em 2022, o voto se tornou obrigatório no Chile, adicionando imprevisibilidade à corrida deste ano.
Dados preliminares de comparecimento das autoridades eleitorais mostraram que a participação foi muito menor do que o esperado, com apenas 1,4 milhão de pessoas votando. O Chile tem cerca de 15,4 milhões de eleitores aptos.
Embora a vitória esmagadora de Jara represente a ascensão da linha dura dentro da coalizão de Boric, analistas a descrevem como menos dogmática e mais diplomática do que alguns de seus pares comunistas. Como ministra do Trabalho, ela foi elogiada por um programa que aumentou o salário mínimo e reduziu a jornada de trabalho semanal para 40 horas.
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Ela foi comparada a Michelle Bachelet, ex-presidente de centro-esquerda do Chile e ícone do empoderamento feminino que governou de 2006 a 2010 e novamente de 2014 a 2018.
Prestando homenagem a Bachelet em seu discurso de vitória, ela disse: “Foi ela quem nos mostrou o caminho de que nada é impossível”.