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Cientistas descobrem produção de oxigênio no fundo do mar que pode mudar o que sabemos da origem da vida

Estudo publicado na revista Nature Geoscience mostra que há indícios de produção do gás mesmo sem fotossíntese

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Cientistas de diferentes partes do mundo descobriram que o oxigênio, um elemento fundamental para a vida, pode estar sendo produzido, e não só consumido, no fundo do mar. A pesquisa que trouxe essa revelação foi divulgada nesta segunda-feira (23) na revista Nature Geoscience.

Os primeiros indícios da descoberta surgiram em 2013, quando o cientista Andrew Sweetman, um dos autores do estudo, encontrou oxigênio sendo produzido a 4 mil metros de profundidade, onde não há luz.

Essa observação, numa fratura do Oceano Pacífico, contraria o conhecimento atual, que afirma que a produção de oxigênio depende da fotossíntese, realizada por plantas, plânctons e algas, utilizando a luz solar.

O estudo destaca uma nova fonte de oxigênio no planeta, além da fotossíntese, o que pode ter grandes implicações e ajudar a entender as origens da vida. Até agora, os cientistas acreditavam que o oxigênio – fundamental para a vida na Terra – havia começou a ser produzido por cianobactérias. O novo estudo abre novas possibilidades para o surgimento de organismos mais complexos.

A descoberta

Sweetman observou que o oxigênio estava sendo produzido no fundo do mar enquanto avaliava a biodiversidade marinha em uma área destinada à mineração de nódulos polimetálicos.

Esses nódulos se formam ao longo de milhões de anos por processos químicos que fazem com que os metais se precipitem na água, cobrindo uma grande área do fundo do mar.

Metais como cobalto, níquel, cobre, lítio e manganês, presentes nos nódulos, são muito procurados para uso em painéis solares, baterias de carros elétricos e outras tecnologias.

No experimento de 2013, Sweetman e seus colegas usaram um aterrador de águas profundas, com uma pequena câmara capaz de dimensionar a área do fundo do mar. Eles esperavam que o sensor detectasse uma queda lenta no nível de oxigênio, mas isso não aconteceu de forma significativa.

Quando Sweetman usou outro método para detectar oxigênio, em 2021, e obteve o mesmo resultado, ele entendeu que o oxigênio estava sendo produzido no fundo do mar e decidiu estudar como isso estava acontecendo.

A equipe levou amostras de sedimento, água do mar e nódulos polimetálicos ao laboratório para investigar. A partir disso, os cientistas descobriram uma espécie de "geobateria natural". Essas "geobaterias" geram uma corrente elétrica capaz de quebrar as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio, explicando o surgindo do gás essencial à vida mesmo em ambientes escuros nos oceanos.

Críticas à mineração no mar

Críticos afirmam que a mineração em águas profundas pode danificar irreversivelmente o ambiente submarino intocado. O ruído e as plumas de sedimentos levantados pelo equipamento de mineração podem prejudicar ecossistemas de meia-água, assim como organismos que vivem nos nódulos no fundo do mar.

Esses cientistas também alertam que a mineração em águas profundas pode perturbar a forma como o carbono é armazenado no oceano, contribuindo para a crise climática.

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