Celso Amorim, assessor especial de Lula, vai à Venezuela para acompanhar eleições
"Missão" será colher impressões e relatos sobre as urnas para auxiliar Palácio do Planalto a se posicionar após a divulgação do resultado
O assessor-chefe especial para assuntos internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Celso Amorim, desembarca nesta sexta-feira (26) em Caracas, capital da Venezuela, no papel de observador das eleições para presidente, marcadas para domingo (28).
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A prática é comum e difundida internacionalmente, tanto no lugar de mandar autoridades para atestar pleitos democráticos quanto de receber esses nomes. No entanto, a visita de Amorim ocorre após atritos entre o presidente Nicolás Maduro e autoridades brasileiras (relembre mais abaixo). O adversário dele será Edmundo González Urrutia, líder da coalizão que reúne oposição no país.
A "missão" de Amorim será, até domingo (28), colher impressões e relatos sobre o processo para auxiliar o Palácio do Planalto a se posicionar após a divulgação do resultado. Se os protocolos forem seguidos, ele deve se encontrar ainda com Yván Gil Pinto, ministro de Relações Exteriores da Venezuela.
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Na última terça (23), Maduro, no poder desde 2013 e em busca de reeleição, disse, sem provas, que eleições brasileiras não são auditadas. "No Brasil, nem um único boletim de urna é auditado", afirmou em comício.
Acontece que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não só realiza auditorias constantes antes, durante e após pleitos, como possui uma secretaria independente para esse fim, a SAU. Em resposta, a Corte Eleitoral respondeu que "o Boletim de Urna (BU) é um relatório totalmente auditável".
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Além disso, como reação às falas de Maduro, o TSE recuou e decidiu não enviar observadores brasileiros para acompanhar as eleições na Venezuela neste fim de semana. "A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil", disse a corte.
Amorim, nome do Executivo e não do Judiciário, manteve a agenda. Disse nessa quinta (25) que "tudo é conversável" e que "foi dito explicitamente que seria bem-vindo".
Maduro x Lula
As falas de Maduro ocorreram após Lula dizer que ficou "assustado" com a declaração de Maduro sobre possível "banho de sangue" na Venezuela caso ele seja derrotado.
Na ocasião, o petista disse que "quem perde as eleições toma um banho de voto". Sem citar o brasileiro, Maduro sugeriu: "Quem se assustou que tome um chá de camomila".