Sem combustível, serviços de comunicação da Faixa de Gaza ficam inoperantes
ONU alerta que novo apagão impede a coordenação de entrada de ajuda humanitária no enclave palestino

SBT News
As comunicações telefônicas e de internet na Faixa de Gaza foram interrompidas nesta 5ª feira (16.nov) devido à falta de combustível, informou a principal companhia de telecomunicações palestina, a Paltel.
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"Lamentamos anunciar que todos os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza estão fora de serviço, uma vez que todas as fontes de energia que sustentam a rede foram esgotadas, e não foi permitida a entrada de combustível", afirmou a empresa no X, antigo Twitter.
We regret to announce that all telecom services in ???? ????? have ???? ??? of service as all energy sources sustaining the network have been depleted, and ???? ??? ??? ??????? ??.#KeepGazaConnected
? Paltel (@Paltelco) November 16, 2023
Este é o quarto apagão no enclave palestino desde o início das operações militares israelenses na região em resposta ao ataque sem precedentes do grupo armado Hamas em 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram mortas e 240 feitas reféns. O número de mortos na Faixa de Gaza já chega a 11.500, 70% das vítimas são crianças e mulheres.
Sem comunicação, não há como coordenar a entrada de comboios de ajuda humanitária pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, alertou a agência para refugiados palestinos da ONU, a UNRWA.
"Gaza passa agora pelo quarto apagão de comunicações e, como resultado, não haverá operação transfronteiriça na passagem Rafah amanhã de manhã", informou Juliette Touma, diretora de comunicações da UNRWA, à jornalistas em Amã, na Jordânia.
From our?#Gaza team @TomWhite:
? UNRWA (@UNRWA) November 16, 2023
There will NOT be a cross-border aid operation at the Rafah Crossing tomorrow.
The communications network in #Gaza is down because there is NO fuel.
This makes it impossible to manage or coordinate humanitarian aid convoys. pic.twitter.com/Kaj8z0lE9f
A interrupção da entrada de ajuda humanitária deve agravar ainda mais a situação no território. Segundo a ONU, 70% da população de Gaza, quase 1,5 milhão de pessoas, foi deslocada pelo conflito. Além disso, Israel vem danificando sistematicamente habitações e infraestruturas civis e impôs cerco total ao território, com o corte do abastecimento de água, combustível e energia elétrica.
Desde a retomada da entrada de comboios de ajuda humanitária, em 21 de outubro, foram permitidos no território 1,129 caminhões. Desses, apenas 447 transportavam alimento e a entrada de combustível continua impedida por Israel. Antes do início das hostilidades, uma média de 500 caminhões entravam em Gaza diariamente.
Segundo a FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, os alimentos que entraram em Gaza são apenas suficientes para satisfazer 7% das necessidades calóricas mínimas diárias da população.
"O fornecimento de alimentos e água é praticamente inexistente em Gaza e apenas uma fração do que é necessário chega através das fronteiras. Com o inverno se aproximando, os abrigos inseguros e superlotados e a falta de água potável, os civis enfrentam a possibilidade imediata de morrer de fome", afirmou a Diretora Executiva do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), Cindy McCain, nesta 5ª feira.
A falta de combustível também afeta a entrega de água potável. De acordo com a ONU, 70% da população do sul de Gaza já não tem mais acesso à água potável, e o esgoto começará a invadir as ruas por falta de combustível para realizar o bombeamento do sistema.