Anarcocapitalista e pró-venda de órgãos: professora analisa Javier Milei
Especialista também projetou como seria relação com o Brasil em caso de vitória na eleição argentina
SBT News
Líder das eleições primárias na Argentina, o candidato de extrema-direita Javier Milei considera-se um anarcocapitalista e defende, entre outras coisas, a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e a venda de estatais do país. Ele também já se manifestou favorável à venda de órgãos -- humanos, não apenas os governamentais.
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Em participação no programa Poder Expresso, do SBT News, Regiane Bressan, professora de Relações Internacionais da Unifesp e especialista em América Latina, analisou o perfil do candidato e projetou como seria um eventual governo dele. Ela destacou que Milei tem pouca experiência política, tendo sido eleito deputado há dois anos, o que facilita a adoção de um discurso populista.
"Ele não tem uma tradição política, tampouco está ligado a políticos, a partidos, nem tem uma coligação muito expressiva. Com isso, ele passa a ter muita liberdade em seu discurso, um discurso bastante inflamado, que acaba por catalisar a população que está descrente tanto da política, quanto sofrendo com a dramaticidade da economia", aponta a especialista.
A crise econômica, aliás, é um fator que ajuda a ascensão da extrema-direita no país, na avaliação da professora. "Esse cenário que é doméstico com a crise do país, a crise econômica, o cenário da América Latina, que é muito fértil a esse tipo de candidato, e a onda conservadora que é internacional, mas ainda está na nossa região, acaba tudo culminando em candidatos como ele. As pesquisas mostravam um aumento a seu favor, mas as próprias lideranças políticas do país não estavam tão crentes que o Milei despontaria como favorito nessas primárias. E, claro, ele vai com muita força para o primeiro turno, que vai acontecer em 23 de outubro", afirmou.
Bressan ainda analisou como seria a relação com o Brasil -- hoje comandado por Lula -- em caso de vitória de Milei: "Seria uma política semelhante à de Bolsonaro, que se colocou de costas para a América do Sul durante o seu governo e também se afastou das políticas integracionistas do Mercosul. Então eu tenho certeza que se Javier Milei vier a ganhar a Presidência na Argentina, nós teremos uma relação árida, áspera e de muito desafio entre os dois países".
Confira a íntegra da entrevista (a partir de 12min15seg):