Irã: relatores classificam uso obrigatório de véu como perseguição de gênero
País vem reforçando medidas para punir mulheres flagradas sem o item em locais públicos
Camila Stucaluc
Um grupo de relatores vinculado às Nações Unidas classificou como "perseguição de gênero" o uso obrigatório do hijab - véu - por mulheres no Irã. A declaração acontece após o país reforçar as medidas para punir aquelas que forem flagradas sem o item, como a instalação de câmeras de segurança em locais públicos.
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Em comunicado, os especialistas criticam, principalmente, o fato de as leis sobre o uso do hijab fazerem parte do Código Penal iraniano, que inclui punições como prisão e chicotadas em caso de descumprimento. As normas, segundo o grupo, levam à violação dos direitos das mulheres no Irã em níveis inaceitáveis no contexto internacional.
A regra do hijab vem sendo fortemente questionada pelo público feminino iraniano. Isso porque, em setembro do ano passado, uma jovem chamada Mahsa Amini, de 22 anos, foi presa pela Polícia da Moralidade por usar o hijab incorretamente, deixando parte do cabelo à mostra. Ela estava visitando a família em Teerã, capital, quando foi detida.
Após a prisão, Mahsa entrou em coma em uma delegacia e ficou internada por três dias em um hospital da região. A jovem, no entanto, não resistiu e morreu. Apesar da polícia afirmar que o óbito foi causado por um "ataque cardíaco repentino", a família de Mahsa acredita que a jovem foi torturada pela polícia, o que gerou uma comoção nacional.
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Durante meses, milhares de manifestantes tomaram as ruas para cobrar explicações sobre a morte de Mahsa, resultando em confrontos com a polícia. Nos atos, muitas mulheres queimaram os hijabs e cortaram os cabelos em forma de protesto. Dois jovens que participaram dos atos foram acusados de "travar guerra contra Deus" e foram executados.