Oscar 2023: Como é perder um amigo e os paralelos com as guerras
"Os Banshees de Inisherin" tem nove indicações e fala sobre rupturas e solidão
Cleide Klock
Os poetas já exaltaram a amizade de tantas maneiras e declamaram incontáveis vezes que a vida sem amigos não é nada. Quem tem um exemplar desses, sabe que isso realmente é a mais pura verdade. Pádraic Súilleabháin experimenta uma das maiores dores da alma, quando seu melhor amigo, Colm Doherty, resolve de um dia para o outro cortar laços com ele porque quer apenas abraçar a arte: sem mais detalhes, sem despedida.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
O longa é o segundo filme com mais indicações ao Oscar, nove no total, empatado com o alemão "Nada de Novo no Front" (acompanhe amanhã nossa reportagem sobre o filme alemão) e já acumula mais de 120 prêmios, entre eles quatro do BAFTA e três Globos de Ouro.
A dor de perder um amigo, aquele que rende conversas intermináveis até onde nada acontece, é a trama de "Os Banshees de Inisherin", que se desenrola com questões sobre lealdade, a dor da separação e solidão. Mas, no fundo, há também um paralelo que fala sobre guerras de uma maneira universal: quando dois amigos começam a brigar, sem muita razão.
"Pádraic é um cara simpático, simples e não se preocupa muito. Ele fica feliz desde que os animais estejam alimentados e tenha alguns centavos no bolso para algumas cervejas e uma conversa com seu amigo Colm todos os dias. Enquanto tudo isso estiver acontecendo, a vida é simplesmente maravilhosa", explica Farrel sobre o seu personagem.
Quando Colm termina a amizade, Pádraic cai na tristeza, solidão e é tomado por raiva. "A perda da inocência é a parte mais triste do filme. Ele desmorona. Ele não está nem perto de ser tão feliz quanto antes", completa Farell que com o filme teve sua primeira indicação ao Oscar.
Elenco indicado
O que dá força ao filme são as performances poderosas: Colin Farrell e Brendan Gleeson, nos papéis dos dois ex-amigos, além de Barry Keoghan e Kerry Condon, todos indicados nas categorias de atuação, Farrell como Melhor Ator e os demais como coadjuvantes.
Cenário bucólico com a guerra logo ali
Os amigos antes inseparáveis moram em uma pequena ilha, o ano é 1923, quando a Irlanda está em guerra civil. A falta de opção do que fazer, o fato de ter apenas um minúsculo bar onde vão sempre as mesmas poucas pessoas, dificulta ainda mais toda a situação da quebra da amizade.
Da pequena ilha Inisherin (nome fictício) só se vê a fumaça e se ouve os bombardeios à distância. Banshees significa alma penada.
"É uma história em que uma pequena guerra é travada entre dois companheiros ao mesmo tempo em que uma maior está acontecendo por lá", contou o diretor Martin McDonagh.
O cineasta inglês já havia sido indicado a Melhor Filme com "Três Anúncios Para Um Crime" e é dono de um Oscar de Melhor curta-metragem "O Revólver de Seis Tiros" (2004).
Martin McDonagh gosta de trabalhar com os mesmos parceiros criativos e há muito tempo queria reunir Colin Farrell e Brendan Gleeson, dupla que atuou no seu longa-metragem de estreia, "Na Mira do Chefe" (2008).
"Como ator, você procura alguém que tenha uma voz única, uma forma original de articular pensamentos e sentimentos e criar personagens e mundos inteiros. É adorável quando você se depara com um escritor que estabelece um mundo que tem seu próprio tipo de ordem e senso estético. McDonagh vai a esses lugares horríveis, armado de compaixão e empatia", contou Gleeson.
Indicações de "The Banshees of Inisherin" no Oscar 2023
1 - Melhor Filme
2 - Melhor diretor - Martin McDonagh
3 - Melhor roteiro - Martin McDonagh
4 - Melhor ator - Colin Farrell
5 - Melhor atriz coadjuvante - Kerry Condon
6 - Melhor ator coadjuvante - Brendan Gleeson
7 - Melhor ator coadjuvante - Barry Keoghan
8 - Melhor música original - Carter Burwell
9 - Melhor edição - Mikkel E.G. Nielsen
Oscar 2023: