Entidades pedem ajuda da ONU após EUA dificultar acesso ao aborto
Autores alegam que medida viola direitos humanos no país, colocando em risco a saúde das mulheres
Camila Stucaluc
Entidades internacionais compartilharam, nesta 5ª feira (2.mar), uma carta pedindo a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU) no direito ao abordo nos Estados Unidos. No texto, os autores citam a preocupação com cerca de 22 milhões de mulheres em idade reprodutiva que vivem em locais onde o procedimento foi proibido.
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A jurisprudência Roe v. Wade, que garantia o direito ao aborto no território norte-americano, foi derrubada pela Suprema Corte em junho do ano passado, fazendo com que cada estado ficasse responsável pela legalização do procedimento. Desde a data, governos como o de Indiana e da Carolina do Norte já restabeleceram a proibição do aborto.
Na carta, assinada por cerca de 200 organizações e especialistas, os autores pedem que representantes da ONU solicitem uma visita aos Estados Unidos para discutir a violação dos direitos humanos por parte do legislativo. O grupo também pede que a organização convoque uma reunião com a sociedade civil em solo norte-americano.
Para justificar o pedido, os autores dão o exemplo de uma paciente de Wisconsin, que não foi atendida devidamente pela equipe hospitalar após ter sofrido um aborto espontâneo. Com medo de violar a proibição do procedimento no estado, a equipe médica enviou a mulher para casa, onde ela ficou sangrando por 10 dias seguidos. Apesar de ter sobrevivido, a paciente alegou traumas psicológicos.
"Os danos da decisão [da Suprema Corte] incluem o impacto na vida das mulheres e saúde e a penalização dos cuidados de saúde. Ao derrubar a proteção constitucional estabelecida para o acesso ao aborto e através da aprovação de leis estaduais, os EUA estão violando suas obrigações sob os direitos humanos internacionais", alegam os autores.
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Em outubro do ano passado, o presidente Joe Biden, que é contra a proibição, afirmou que iria promover projetos que garantissem o direito ao aborto no país. A ideia, no entanto, foi dificultada após o Partido Republicano formar maioria na Câmara dos Representantes, uma vez que a sigla defende pautas conservadores.