OEA manifesta apoio ao Brasil e repudia ataques golpistas
Conselho Permanente do órgão se reuniu para tratar dos atos do fim de semana
A Organização dos Estados Americanos (OEA) manifestou nesta 4ªfeira (11.jan), apoio ao governo brasileiro e condenou os atos golpistas em Brasília, no último domingo (8). A manifestação da organização durante reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA convocada, em caráter de urgência, para "analisar os atos antidemocráticos contra a sede dos três poderes do governo brasileiro".
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Há três dias, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que não aceitam a derrota do candidato nas eleições de outubro tomaram o centro de Brasília e vandalizaram as sedes dos Três Poderes. O Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto foram invadidos e depredados.
O secretário-geral da OEA, Luiz Almagro, fez um duro discurso contra os atos golpistas e disse que a organização tem os instrumentos e os princípios democráticos para analisar e condenar esse tipo de ameaça.
"Quando a democracia é ameaçada, como vimos no domingo, em Brasília, todos nós devemos agir imediata e firmemente para defender a democracia, investigando, denunciando e determinando as responsabilidades dos investigados, financiadores e responsáveis intelectuais. Não é possível que um movimento fique tanto tempo diante dos quartéis sem que alguém esteja financiando", disse referindo-se aos acampamentos de bolsonaristas montados após as eleições, em novembro, em frente a quartéis de todo o país.
Repercussão
Almagro disse ainda que, na condição de secretário-geral da OEA, soube imediatamente da invasão aos prédios representativos dos Três Poderes e que acompanhou de perto os acontecimentos.
"As instituições brasileiras responderam de maneira efetiva à situação. Essas situações não são mais eventos isolados e nós condenamos de maneira clara e enérgica essa mobilização de caráter fascista e golpista que ameaçou os três poderes do Brasil", afirmou. "Manifesto toda nossa solidariedade com o presidente Lula e aos outros poderes", acrescentou.
O secretário-geral disse ainda que os atos golpistas do último domingo fazem parte de um cenário que se encontra também em outros países. Ele destacou há semelhanças na forma de agir desses grupos, como o uso de notícias falas, as fake news, manipulação de símbolos pátrios, não reconhecimento das instituições democráticas e da diversidade.
"Não foi só um ataque ao presidente Lula e aos poderes do Brasil. Eles estão atacando todos nós quando reagem de maneira fascista, de maneira antidemocrática contra o desenvolvimento sustentável, a luta contra a desigualdade e a pobreza", disse.
Além da declaração do Conselho Permanente, embaixadores presentes na reunião também condenaram os atos de domingo. O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Hastings, reforçou a condenação aos atos antidemocráticos no Brasil.
"Estamos apoiando o Brasil e suas instituições democráticas e o desejo do povo brasileiro. Os Estados Unidos se junta ao presidente Lula e às autoridades brasileiras no repúdio a essas ações antidemocráticas", discursou Hastings, lembrando que o presidente estadunidense, Joe Biden, convidou Lula para um encontro em Washington, em fevereiro, para discutir uma agenda conjunta, inclusive na área de paz e segurança.
O embaixador do Chile, Sebastián Eugenio Kraljevich Chadwick, também condenou os ataques, classificando o episódio como lamentável.
"Isso foi um atentado contra a democracia que ocorreu domingo quando milhares de bolsonaristas invadiram as sedes dos três poderes, em Brasília, motivados por uma fraude imaginária [nas eleições]", disse. "Isso mostra os perigos da ultradireita para o mundo e temos também a lembrança traumática desse tipo de invasão, há paralelos com outros eventos", acrescentou se referindo à invasão do capitólio, nos Estados Unidos, há dois anos.
Durante a reunião, o embaixador do Brasil na OEA, Otávio Brandelli, disse que os atos golpistas trouxeram perplexidade e tristeza para o país, particularmente para os que defenderam o Estado Democrático de Direito.
"Os lamentáveis e inescusáveis atos de violência e vandalismo perpetrados nos edifícios sedes dos três Poderes, em Brasília, constituem um desrespeito aos valores democráticos universais e não serão tolerados pelo estado brasileiro", afirmou.
Com Agência Brasil
Veja também: