COP27: Esboço do acordo final circula pelo evento e agrada poucos
Reclamações são sobre falta de detalhes. Limitar o aquecimento global a 1,5° C depende de planos concretos

Pablo Valler
Assim como nas edições anteriores, a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) está rendendo muitos contratos e acordos entre países, empresas, organizações. Cada um de uma forma. Mas, o que mais importa é aquele relatório final com os compromissos que as nações firmam de frear o aquecimento global -- o ideal é que também digam como, o que nem sempre acontece. A falta de detalhes já aparece no primeiro esboço do Acordo do Egito, que circula pelo evento. O documento mantém a meta de limitar a temperatura média da Terra a 1,5° C acima do nível pré-industrial, só que ainda não traz o que a maioria espera. Como, por exemplo, os repasses de perdas e danos. Tudo o que os países ricos causaram sendo os maiores emissores de gases de efeito estufa serão compensados com investimentos nos países pobres, que agora sofrem as consequências dos desastres naturais?
A resposta -- ou a falta dela, que também é um recado -- só será conhecida nesta 6ª feira (17.nov) ao fim da COP27. O tempo é curto -- como sempre. Nesta 5ª feira, Sameh Shoukry, presidente do evento, publicou uma carta via ONU pedindo agilidade e empatia aos negociadores. "O tempo não está do nosso lado, vamos nos unir agora e entregar até sexta-feira", incentivou ele.
Shoukry avisou que, pela primeira vez, os delegados da COP que redigem o relatório incluíram um tópico sobre "fundo de perdas e danos para países devastados por impactos climáticos".
Mas, o que os países mais impactados pela mudança climática pedem seria não só a sugestão de um fundo e, sim, detalhes de onde, quando e como será aberto, quem e quanto depositará, quais deles poderão em quais sistuações sacar aquela verba.
"Qualquer coisa menos do que estabelecer um fundo para perdas e danos nesta COP é uma traição às pessoas que estão trabalhando tão duro para limpar este ambiente e às pessoas que lutam pela humanidade", reclamou Molwyn Joseph, ministro do Meio Ambiente de Antígua e Barbuda, à imprensa internacional.
Alguns dos países desenvolvidos -- que, geralmente, fogem dessa discussão para não se comprometerem -- também estão se posicionando. Representantes da União Europeia e do Reino Unido pediram a Shoukry que, dessa vez, o relatório não tenha lacunas, para que as discussões não fracassem.
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