Deputados americanos pedem que EUA monitorem eleições no Brasil
Congressista notou "sinais preocupantes" de potencial interferência de agências de segurança brasileiras no processo eleitoral
Patrícia Vasconcellos
Washington DC - Num texto de duas páginas, seis deputados democratas descrevem as ações que eles acreditam ser necessárias para a "neutralidade das forças armadas do Brasil durante as eleições presidenciais". Este é o título da Emenda 893, incluída no dia 5 de julho, última 3ª feira, na proposta de orçamento do Congresso americano para o ano de 2023. "A emenda 893 foi oferecida para inclusão no projeto de lei anual de defesa. Teremos mais clareza na terça-feira, dia 12 de julho, de que forma essa disposição avançará como parte do projeto da Câmara, com votação pela Câmara dos Deputados em julho", disse ao SBTNews um congressista.
Depois dessa etapa, o projeto proposto irá para "conferência", e a votação final do orçamento e da emenda devem acontecer até novembro ou dezembro deste ano. No texto anexado à proposta de orçamento, os deputados pedem que "não mais que 30 dias depois da promulgação da Emenda, o Secretário de Estado envie ao Congresso um relatório com todas as ações tomadas pelas forças armadas do Brasil com respeito ao processo eleitoral para presidente, agendado para outubro de 2022 para interferir, parar ou obstruir a contagem dos votos por autoridades eleitorais independentes".
Os democratas ainda querem que o governo americano monitore qualquer risco de possível manipulação ou alteração do resultado das eleições. O texto da Emenda também fala em monitoramento das mídias sociais incluindo mensagens de texto que possam influenciar a disseminação de informações que impactam no resultado do pleito.
Ainda em resposta ao SBT News, o congressista americano contatado afirma que "notou - junto com muitos brasileiros e altos funcionários do governo dos Estados Unidos - os sinais preocupantes de potencial disposição por parte das agências de segurança brasileiras para se engajar no processo político/eleitoral." O deputado afirma que acredita firmemente que eleições livres e justas e o respeito à ordem constitucional não são apenas do interesse de todos os brasileiros, mas também do interesse da estabilidade da América Latina e da segurança nacional dos Estados Unidos.
Ele finaliza dizendo que "como tal, essa medida exigiria simplesmente que o governo dos EUA considerasse atentamente quaisquer ações dos militares para interferir nas eleições do Brasil como parte das limitações de longa data à ajuda dos EUA quando os militares de uma nação parceira prejudicam a ordem constitucional".