COP26 pode terminar sem definições muito concretas
Especialistas e observadores apontam o financiamento ambiental como maior problema na Conferência
Sérgio Utsch
A menos de um dia para o encerramento da Cop-26, há muito mais perguntas do que respostas nos corredores do Centro de Convenções de Glasgow. Em condição de anonimato, um dos observadores da ONU disse ao SBT News que "Glasgow pode se tornar uma Copenhague", uma referência ao fracasso da Conferência realizada na capital da Dinarmaca, em
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Apesar de ter adotado uma postura mais pragmática em relação à última conferência, em Madrid, quando foi acusado de obstruir os trabalhos, o Brasil não participa das discussões principais. Mas o governo brasileiro não está sozinho naquele que hoje é o grande ponto de discórdia da Cop-26: qual será a responsabilidade dos países desenvolvidos e de quanto será o financiamento pra que nações mais pobres e em desenvolvimento tornem suas economias mais limpas e se adaptem às mudanças já inevitáveis causadas pela crise no clima.
"A questão do artigo 6 está bem encaminhada. O financiamento ainda é o maior problema", disse uma fonte do Itamaraty ao SBT News. O impasse é sobre um acordo que já deveria ter sido cumprido desde 2020, segundo o qual o mundo desenvolvido deveria repassar 100 bilhões de dólares (R$ 544 bilhões) por ano para os mais pobres e em desenvolvimento. O ministro do Meio Ambiente do Brasil acha que o valor já está defasado. "Cem bilhões de dólares já não são mais suficientes pra que o mundo construa uma nova economia verde", disse o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.
Países pobres em em desenvolvimento tem índices de poluição per capita menores que os dos países desenvolvidos. Além disso, tem pouca ou nenhuma responsabilidade pelas emissões feitas desde o início da era industrial. Ainda assim, alguns deles sofrem de forma mais intensa os efeitos das mudanças climáticas, como os países insulares do Pacífico ameaçados pelo aumento do nível dos oceanos.
Mercado de carbono
A Cop-26 pode enfim regular o mercado internacional que possibilita que países e empresas vendam e comprem créditos de carbono. Pela lógica desse mercado, se um país capturar mais carbono do que emite, poderá vender este excesso para aqueles que não conseguiram capturar tudo o que emitiram. Um dos fatores que impedem a regulação desse mercado, no qual o Brasil pode ser um dos grandes beneficiados, é justamente um sistema internacional de fiscalização do cumprimento de metas.