Londres vai sortear ingressos da final da Euro para quem for se vacinar
Prefeitura quer aumentar o índice de vacinados na capital britânica, o menor do Reino Unido
Sérgio Utsch
Londres -- Além de anticorpos contra o novo coronavírus, os londrinos que forem se vacinar nos próximos dias poderão ganhar duas entradas para a final da Eurocopa. A partida será disputada no domingo (6.jul), no estádio de Wembley. Se a Inglaterra passar pela Dinamarca nesta 4ª feira (7.jul), vai disputar o título inédito para o país.
Mais do que o título da Eurocopa, Londres precisa que seus moradores se apresentem pra vacinar. A capital britânica tem o menor índice de adultos vacinados do país. Apenas 63% receberam a primeira dose. Em todo o Reino Unido, o índice daqueles com 18 anos ou mais que estão parcialmente imunizados é de 86,2% e 64,3% já tomaram as duas doses.
Reabertura
As autoridades de Londres querem vacinar o máximo possível de pessoas antes do dia 19 de julho, quando os ingleses serão dispensados de usar máscaras e de fazer distanciamento. Casas noturnas e teatros voltarão a funcionar com capacidade máxima.
A estratégia do governo britânico é apostar no bom senso de cada um. "Vamos abandonar as restrições regidas por lei e permitir que as pessoas tomem as suas próprias decisões", disse o primeiro-ministro Boris Johnson, na 2ª feira, ao confirmar a fase 4 da reabertura.
100 mil casos por dia
O novo ministro da Saúde, Sajid Javid, confirmou nesta 3ª que o Reino Unido poderá ter 100 mil casos por dia até o fim de agosto. Seria a maior média desde o início da pandemia.
Nesta 3ª, foram confirmadas 28.773 novas infecções. É o maior número desde o fim de janeiro e o maior da já consolidada terceira onda. Mais de 95% dos casos são da variante Delta, a mais transmissível de todas e que acaba de ser identificada no estado de São Paulo.
Diferentemente do Brasil, as curvas de mortes e de internações por causa da covid-19 não cresceram proporcionalmente ao número de casos. Nos últimos 7 dias, houve 142 mortes, 20,3% a mais que na semana anterior, e 2.092 pessoas foram admitidas nos hospitais, um aumento de 29,1% no mesmo período.
É um sinal, segundo o governo, de que é preciso aprender a viver com o vírus. "A vacina está funcionando. É nosso muro de proteção. Ainda que o número de casos esteja alto, o que estamos vendo é um severo enfraquecimento da ligação entre casos e hospitalizações e mortes", disse o ministro da Saúde.
Aposta
O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, diz que a aposta britânica é arriscada e que falta cautela pra lidar com a variante Delta, que tornou-se dominante no Reino Unido.
Em Israel, onde a Delta também tornou-se dominante, dados preliminares do governo do país mostram que a vacina Pfizer teve uma queda de 64% de eficácia pra evitar transmissões, mas continua mais de 90% eficaz contra sintomas graves e mortes.
Ainda que as vacinas continuem funcionando, o cientista de dados afirma que a estratégia britânica "aumenta o risco da criação de uma nova variante e essa variante pode ter um escape vacinal. Isso não é impossível".
Schrarstzhaupt acompanha a evolução da pandemia desde o início e lembra que a demora em implementar as restrições já tinha trazido muitos problemas ao Reino Unido durante a primeira e a segunda ondas. O desprezo à terceira pode ser uma armadilha. "Eu percebo que estratégias de redução das taxas de transmissão e a aceleração da vacinação de forma simultânea são mais seguras no longo prazo porque reduzem esse risco (de uma nova variante)." O cientista gaúcho, como muitos na oposição ao governo britânico, pensa que era melhor esperar um pouco mais.
Veja reportagem do SBT Brasil: