Caso Bernardo: psicóloga diz que menino era "órfão de pai vivo"
Profissional que atendia o menino foi ouvida no terceiro dia do novo julgamento de Leandro Boldrini
Luciane Kohlmann
Pelo segundo dia consecutivo, Leandro Boldrini passou mal na chegada ao Fórum de Três Passos, no Rio Grande do Sul. O réu, que é acusado de planejar a morte do próprio filho, Bernardo, e passa por um novo julgamento, recebeu atendimento médico no local e um atestado o autorizou a retornar ao presídio.
Nesta 4ª feira (22.mar), o Tribunal do Júri ouviu a psicóloga Ariane Schmitt, que atendia o menino de 11 anos. A profissional se emocionou ao lembrar o quando a criança se sentia abandonada pela família. "Órfão de pai vivo. Órfão de uma família ausente. Isso é mais triste que a perda, porque a orfandade é sentida no dia a dia", ela relatou.
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Ariane criticou a gravação que mostra Bernardo com uma faca na mão, enquanto o pai provoca o filho. "Isso aqui vai ser mostrado para quem tu quiser saber. Vamos machão. Inventa de fazer alguma coisa comigo... faz, faz!", ameaça o médico, na gravação.
A psicóloga contou que o marido dela foi prestar solidariedade ao pai do menino e ficou surpreso com a reação de Leandro. "O Dr. Leandro teria dito para ele 'você também veio comprar órgãos?'. Ele falou 'não, estou chocado, como pai e como teu amigo, eu vim saber do teu filho'", ela lembrou.
Durante a tarde, os jurados ouviram as testemunhas de defesa. O ex-funcionário de Boldrini, Luiz Omar, negou que o médico fosse um pai ruim, e acusou apenas a madrasta do garoto pelos maus-tratos. Mesmo discurso da técnica de enfermagem Marlise Renz. No depoimento, ela se atrapalhou ao responder sobre o controle de sedativos no hospital.
"Ali, naquele dia, a gente estava sem midazolam. Pega na farmácia do hospital. Eu avisei para eles que nós não tínhamos mais, que tinha sumido. Quando eu falei que sumiu o midazolam, ninguém me respondeu que sim, nem não, nem nada. Porque isso é lá com os cachorros grandes, não é comigo, que sou só a técnica de enfermagem que trabalha lá", disse Marlise Renz.
Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi morto em abril de 2014, com uma dose letal de sedativo. A receita estava assinada pelo pai, Leandro Boldrini, acusado de ser o mentor do crime. A madrasta e mais duas pessoas já foram condenadas por envolvimento no assassinato do menino.
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