A investigação contra os PMs teve início após a prisão de Leonardo Foz, de 20 anos, e Luiz Gustavo Martins, de 34 anos, em 2018. A dupla, que fingia pertencer à corporação para extorquir valores de até 300 mil reais de traficantes, foi detida com algemas, rádios comunicadores, armas e uniformes da PM. Ao ser preso, Luiz Gustavo decidiu delatar os policiais envolvidos no esquema.
O SBT teve acesso, com exclusividade, aos relatórios sigilosos do inquérito que mostram como os sistemas de inteligência da Polícia Militar eram usados pelos suspeitos para praticar as extorsões. De acordo com a apuração, a propina, que era cobrada mensalmente pelos PMs, pode chegar a valores milionários.
Entre as principais provas coletadas contra os acusados estão mensagens trocas entre eles, nos últimos dois anos. Em uma delas, Luiz Gustavo e o cabo Proença pesquisam sobre um foragido da Justiça, mas não para prendê-lo. A dupla buscava por 50 mil reais que estariam escondidos na casa do procurado e cogita, até mesmo, executar o homem.
Segundo o policial, a morte não seria cobrada pelo crime organizado. "Estava com 50 mil ontem. Não precisa de aval para matar ele. O PCC deixa matar quem está em B.O. de estupro", escreve.
Em outra troca de mensagens, o cabo Brates pede uma pá ou uma enxada para os colegas. O grupo teria descoberto onde havia drogas e dinheiro enterrados. Em seguida, o policial diz ter desenterrado 80 mil reais. Luiz Gustavo responde então que não dava para imaginar a quantidade de substâncias encontrada.
Os dez PMs estão detidos no Presídio Militar Romão Gomes e passarão por audiência de custódia na manhã desta quinta-feira (10). Luiz Gustavo e Leonardo aguardam julgamento em penitenciárias comuns.
Em nota, a defesa dos policiais militares afirma ter ido para a cidade de Sorocaba, para acompanhar a prisão dos agentes, mas alega ter encontrado dificuldades para acessar a investigação. O advogado dos PMs, João Carlos Campanini, diz ainda que autoridades locais mentiram sobre o caso, informando que a investigação não estava naquela DP.
"Infelizmente, a Corregedoria da PM, órgão responsável por cumprir e fiscalizar as leis, não as cumpre. Com tudo isso só conseguimos acesso a muito pouco da investigação na parte da tarde, aqui em São Paulo. Dessa forma não tivemos sequer tempo hábil para estudar as 1400 folhas da investigação. Então, ainda não podemos nos posicionar sobre a defesa dos acusados.", conclui o defensor.