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ENGANOSO: Vídeo de plantação destruída na Bahia é de 2019 e não em 2023

Confira a verificação realizada pelos jornalistas integrantes do Projeto Comprova

ENGANOSO: Vídeo de plantação destruída na Bahia é de 2019 e não em 2023
Projeto Comprova/Divulgação
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ENGANOSO: Não é verdade que um vídeo que mostra uma plantação destruída seja de 2023 e que a destruição tenha acontecido por ordem do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A gravação que viralizou agora é de 2019 e, de fato, mostra um bananal desmatado. A ação foi resultado de uma reintegração de posse nas cidades baianas de Juazeiro e Casa Nova, em área pertencente à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que havia sido ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2012.

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Conteúdo investigadoVídeo que circula nas redes sociais mostra um homem, não identificado, denunciando a destruição, pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), de 1,7 mil hectares de que pertenceriam ao assentamento do MST Abril Vermelho, na Bahia.

Onde foi publicado: Telegram e WhatsApp.

Saiba mais:
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Conclusão do Comprova: Não foi o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que ordenou, juntamente com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a destruição de plantação no assentamento Abril Vermelho, em Juazeiro, na Bahia. O vídeo em que um homem faz tal afirmação e viralizou agora é de 2019, ou seja, foi gravado durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas, circulando em posts nas redes sociais em junho de 2023, sugere ser uma ação do atual governo.

A gravação exibe um homem não identificado caminhando entre bananeiras no chão. "Uma situação dessa, as máquinas passando por cima, derrubando a planta do povo. Isso é uma injustiça, Brasil. Quem mandou fazer isso não tem coração, não é um ser humano. É um bandido", diz ele.

A destruição não é uma operação do governo federal, mas determinação do Judiciário, em uma ação de reintegração de posse de terras pertencentes à Codevasf, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Integração do Desenvolvimento Regional. A área havia sido ocupada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em 2012.

Em contato com o Comprova, a Codevasf afirmou que "as áreas que à época foram objeto de reintegração são destinadas à regular operação de empreendimentos de agricultura irrigada e à reserva legal".

A reportagem também procurou o MST, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No Telegram, ele havia sido visualizado ao menos 3,2 mil vezes até 16 de junho.

Como verificamos: O primeiro passo foi buscar no Google por algumas expressões mencionadas pelo homem que aparece no vídeo, como "assentamento Abril Vermelho" e "Codevasf". A pesquisa trouxe como resultado reportagens sobre a ação de reintegração de posse e um vídeo publicado na época pela Mídia Ninja.

A partir daí, o Comprova entrou em contato com a Codevasf e com o MST.

O vídeo

O vídeo foi gravado no final de 2019, no acampamento do MST Abril Vermelho, em Juazeiro na Bahia.

De acordo com matéria publicada à época pelo portal G1, foi realizada no local uma reintegração de posse, em 25 de novembro, de terras ocupadas pelo movimento nas cidades de Juazeiro e Casa Nova, no norte da Bahia. Elas eram de propriedade da Codevasf. Os mandados foram cumpridos pela Polícia Federal. Expedida pela Justiça Federal de Juazeiro, a decisão também determinou ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) o assentamento das pessoas que ocupavam irregularmente a área.

Segundo o MST, cerca de 700 famílias moravam na área desocupada, de aproximadamente 1,7 mil hectares. Conhecidas como acampamentos Irani I, Irani II e Abril Vermelho, as terras da Codevasf foram ocupadas pelo movimento em 2012, quando a companhia, segundo a PF, já havia decidido destinar o espaço a projetos de irrigação.

Já o MST afirmou, na ocasião, em comunicado, que as terras estavam ocupadas desde 2007, mediante acordo entre os governos federal e estadual, o Incra, a Ouvidoria Agrária, a Codevasf e o Ministério Público.

O que diz o responsável pela publicação: O perfil Selva Brasil, que já disseminou desinformação outras vezes, como verificou o Comprova, não respondeu à tentativa de contato da reportagem.

O que podemos aprender com esta verificação: É tática comum dos desinformadores tirarem conteúdos reais de contexto, como neste caso. O vídeo é verdadeiro, mas, ao ser publicado em 2023, sem a informação de que é antigo, deixa a entender que é atual. Então, é importante sempre buscar informações em outras fontes quando se deparar com posts assim. Neste caso, uma busca rápida por algumas expressões citadas pelo homem que aparece na gravação, como Codevasf e Abril Vermelho, já seriam suficientes para saber que o caso não ocorreu agora.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O mesmo conteúdo foi checado por Aos Fatos e Boatos.org. O Comprova já verificou outros posts enganosos envolvendo o presidente Lula. Recentemente, mostrou que ele não foi hostilizado em visita a polo automotivo de Goiana nem dentro do Bahia Farm Show e quetrecho do Eixo Norte da transposição do São Francisco não foi fechado por seu governo.

Investigação e verificação

Grupo Sinos e Folha participaram desta investigação e a sua verificação, pelo processo de crosscheck, foi realizada pelos veículos Estadão, UOL, Plural, SBT e SBT News.

Projeto Comprova

Esta reportagem foi elaborada por jornalistas do Projeto Comprova, grupo formado por 41 veículos de imprensa brasileiros, para combater a desinformação. Iniciado em 2018, o Comprova monitorou e desmentiu boatos e rumores relacionados à eleição presidencial. Na quinta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre políticas públicas do governo federal e eleições, além de continuar investigando boatos sobre a pandemia de covid-19. O SBT e SBT News fazem parte dessa aliança.

Desconfiou da informação recebida? Envie sua denúncia, dúvida ou boato pelo WhatsApp 11 97045 4984.

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