Cliente acusa mercado de racismo após ser agredido por segurança no RS
Vítima mostrou nota fiscal da compra e mesmo assim foi revistado e agredido
Um supermercado de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, está sendo denunciado por racismo e lesão corporal contra um pintor, de 40 anos, que levou tapas, socos e foi ofendido ao deixar o estabelecimento. Ele mostrou a nota fiscal da compra, mesmo assim, o segurança insistiu em revistar e agredir o cliente.
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Uma câmera gravou o cliente saindo do supermercado. O segurança vem logo atrás, se aproxima e dá um tapa na cabeça dele. Em seguida, mais uma sequência de quatro socos. O cliente não reage. Ele parece questionar as agressões e leva um quinto golpe.
A vítima é o pintor Bruno Cezar Machado. Fotos mostram as mãos e os lábios dele machucados. "Quando tô saindo na porta fui barrado pelo segurança do mercado. Ele queria me revistar, e eu tudo bem, pode me revistar, mas me revista dentro do mercado.Eu com a nota na mão e eles quis tirar", conta a vítima.
A nota fiscal mostra a compra de um pacote de fígado de frango, por R$ 4,97. "Tava me ameaçando, que eu ia tomar um choque, que era pra mim deixar as mãos pra trás, senão eu ia tomar um choque. Foi isso ele que ele disse, porque negro ladrão tem que apanhar, ele disse assim", conta o pintor.
A empresa que administra a rede de supermercados informou que demitiu o funcionário, que condena qualquer tipo de agressão e afirmou que vai reforçar os protocolos de atendimento aos clientes. Bruno registrou um boletim de ocorrência e o caso já está sendo investigado.
"Vai ser apurado o delito de lesão corporal, a princípio leve, e também as ofensas, essas injúrias raciais de racismo, que fica dentro da lei de racismo", afirma a delegada, Débora Dias..
O pintor conta que ainda sente dores na cabeça e tem dificuldade para se alimentar. Bruno vai recorrer à Justiça para receber uma indenização.
"Esse segurança vai ser processado pelo crime de racismo e agressão, e também teremos uma ação indenizatória por danos morais, materiais, até porque ele não tá trabalhando desde então, porque ele tá traumatizado, ele só chora", afirma o advogado da vítima, Roberto Leite.
O pintor desabafa: "eu não quero mais passar por isso e espero que mais ninguém passe".
Esse não é o primeiro caso de racismo envolvendo um supermercado no Rio Grande do Sul. Em novembro de 2020, João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi asfixiado até a morte em uma loja do Carrefour, em Porto Alegre. Seis pessoas foram acusadas do crime.