PF investiga lavagem de dinheiro no Acre
Operação 'Ptolomeu III' realiza 89 mandados de busca e apreensão ; governador do AC, Gladson Cameli, é alvo

SBT News
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta 5ª feira (09.mar) a Operação Ptolomeu III. O objetivo é desarticular a organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro na cúpula do Governo do Estado do Acre. A ação é feita e parceria com a Procuradoria-Geral da República (PGR), Controladoria Geral da União (CGU), e Receita Federal (RFB). Governador do AC, Gladson Cameli, é alvo de nova operação contra lavagem de dinheiro e STJ manda bloquear R$ 120 milhões em bens.
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Com mais de 300 policiais envolvidos na operação, são cumpridos 89 mandados de busca e apreensão nos Estados do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas e Rondônia, além do Distrito Federal.
A PF busca o ressarcimento de parte dos valores desviados dos cofres públicos. O STJ determinou a indisponibilidade de aproximadamente R$ 120 milhões, por meio do bloqueio de contas e sequestro de aeronaves, casas e apartamentos de luxo adquiridos como proveito dos crimes
A investigação tramita no Superior Tribunal de Justiça e constitui desdobramento das fases I e II, deflagradas no ano de 2021, quando foi identificada organização criminosa, controlada por agentes políticos e empresários ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos, através da lavagem de capitais.
Em 2022, o SBT News revelou que o supermercado Atacarejo Cameli, que é registrado no nome de Liana e Racene Cameli -- os dois primos do governador --, recebeu R$ 832 mil via Cartão de Pagamento de Defesa Civil (CPDC) do prefeito do município acreano de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima (PP), correligionário de Gladson. A verba pública foi destinada à contenção dos danos decorridos de enchentes no estado em 2021.
O que diz a defesa
Segundo nota divulgada pelos advogados de Cameli, a defesa vê "com surpresa" a terceira fase de um inquérito que "se arrasta há dois anos". Para os advogados, a investigação é "baseada em uma pescaria probatória e uma devassa financeira ilegal, que atacou a família do governador como forma de driblar o foro adequado".
De acordo com a defesa, o governador já prestou os devidos esclarecimentos, colocou-se, e está à disposição das autoridades. "O governador confia na Justiça e irá cumprir todas as medidas. E respeitosamente irá recorrer das cautelares, o que inclui a descabida ordem para não falar com o próprio pai e irmãos", conclui.
O governo do Acre, questionado sobre a proximidade do governador com os donos do supermercado em Cruzeiro do Sul, negou qualquer tipo de preferência na escolha pelo estabelecimento.
"Apesar da relação parental do governador Gladson Cameli com os empresários e do apoio político ao prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, o estado, em nenhum momento, teve influência na escolha das empresas citadas", afirmou em nota.
Sobre os gastos, o governo acreano destaca que, em 2021, houve "um dos maiores eventos" já ocorridos no estado. "A Defesa Civil do Estado e a Defesa Civil dos municípios atingidos pela cheia dos rios trabalharam intensamente", aponta a nota.
Segundo o governo, a Defesa Civil de Cruzeiro do Sul e a prefeitura fizeram o levantamento e definiram a aquisição e distribuição dos mantimentos para dar suporte às famílias.