Falta de testes faz laboratórios priorizarem pessoas do grupo de risco
São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades estão com falta de kits para detecção da covid-19
Andrezza Pugliesi
O ano de 2022 teve início bastante semelhante ao de 2021: hospitais lotados, filas para testagem e índices assustadores sobre o coronavírus. Ao todo, o Brasil contabiliza mais de 621 mil vítimas. Além da alta transmissão da variante Ômicron, outro fator tem feito crescer a demanda nos laboratórios: muitas pessoas com algum sintoma respiratório buscam descobrir se, de fato, estão doentes, e com qual vírus.
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Entre 10 e 11 de janeiro, 150 mil brasileiros se submeteram à detecção da covid-19. A taxa de positividade ficou em 36,63%, a mais elevada desde o início da pandemia observada em um único dia. O levantamento foi realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
O cenário para quem busca diagnóstico para a doença é o mesmo em diversas cidades do país: filas, demora para divulgação do resultado, além de um novo peso no bolso -- o valor do exame subiu até 300%.
Após denúncias, o Procon-SP abriu investigação para apurar se realmente houve alta no preço. Os alvos serão, inicialmente, laboratórios de análises clínicas e, na sequência, as grandes redes de farmácias.
Os estabelecimentos notificados terão de apresentar notas fiscais de novembro do ano passado a janeiro deste ano para confirmar a quantia paga pelos consumidores para a avaliação da enfermidade.
Baixa reserva
Na capital paulista, segundo levantamento do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de São Paulo (SindHosp), 54,84% das instituições possuem estoque suficiente para menos de sete dias. Mais de 99% das entidades registraram aumento na demanda por diagnóstico.
O teste mais procurado é o RT-PCR -- realizado por 74,77% dos doentes, indica o levantamento. Quase 80% dos laboratórios confirmaram casos de coinfecção, quando o coronavírus e a influenza contaminam, em simultâneo, o mesmo indivíduo. Devido à alta demanda, 88,29% das empresas estão com dificuldades para restabelecer as quantidades de kits para análise da patologia.
Para tentar conter a situação, a Prefeitura de São Paulo afirmou priorizar a testagem para o grupo de risco. Os demais serão submetidos a avaliação clínica, ou seja, o diagnóstico será realizado a partir da análise de um profissional da saúde.
Já no Rio de Janeiro, a Rede D'Or, maior empresa privada de hospitais do Brasil, limitou a realização de exames PCR. A preferência é para pacientes internados e com indicação clínica. Em nota, a companhia garante retomar o atendimento ao público geral conforme "normalização dos insumos".
Nos últimos dias, as cidades de Belo Horizonte, Fortaleza, Espírito Santo e Curitiba passaram a registrar crescimento na procura por análise das patologias, provocando filas em prontos-socorros, Unidade Básica de Saúde (UBS) e clínicas.
Explosão de síndrome gripal
Em dezembro passado, mais de 130 mil brasileiros foram internados com gripe e as hospitalizações por influenza superaram as por covid-19.
A vacinação para a doença está prevista para março. Com medo de ficar sem o novo imunizante contra a enfermidade, algumas clínicas já oferecem lista de espera, com pagamento antecipado. Alguns laboratórios contabilizam o dobro de reservas, em relação ao ano passado.
O remédio vai proteger contra a variante H3N2 Darwin, que desde 2021 tem levado milhares de pessoas às emergências dos hospitais.