Nature anuncia brasileiro como um dos cientistas mais influentes de 2021
Túlio de Oliveira descobriu variante ômicron em novembro
A revista científica Nature listou, nesta 4ª feira (15.dez), os 10 cientistas mais influentes de 2021. Entre os escolhidos está o pesquisador brasileiro Túlio Oliveira, que liderou uma equipe que descobriu a variante ômicron do novo coronavírus.
No dia 25 de novembro, o brasileiro anunciou a descoberta da nova variante do SARS-CoV2 , detectada em amostras de Botswana, África do Sul e em Hong Kong. Para Oliveira, biotecnólogo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e diretor da Plataforma de Pesquisa e Inovação em Sequenciamento (Krisp), de KwaZulu-Natal, era assustadoramente uma reminiscência do ano anterior, quando sua equipe havia descoberto outra variante SARS-CoV-2 preocupantes em amostras sul-africanas.
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A instituição, chefiada pelo brasileiro já tinha tido papel importante na detecção de outra variante importante do Sars-CoV-2, quando isolou e descreveu em novembro as primeiras amostras da ômicron, que já estava se espalhando pela África e pela Ásia.
Beta, como essa variante ficou conhecida, levou governos estrangeiros a restringir as viagens para a África do Sul, muitos meses após sua descoberta. Ambas as variantes foram detectadas depois que médicos e funcionários de laboratório sinalizaram aumentos inesperados de infecções em áreas que já haviam sido duramente atingidas pelo covid-19.
De acordo com a Nature, o trabalho de Oliveira também influenciou a formulação de políticas. Seu trabalho foi além da parte técnica, resultando numa postura ética em articular um anúncio rápido e uma divulgação ampla sobre a descoberta, que possibilitou ao resto do mundo um preparo maior para a proliferação da variante ômicron.
O KRISP, criado em 2017 com Oliveira no comando, rastreou patógenos por trás de doenças como dengue e Zika, e outros flagelos comuns como AIDS e tuberculose. Mas nunca antes tantas amostras diferentes do mesmo vírus foram sequenciadas em um período de tempo tão curto - tanto na África quanto em todo o mundo.
Segundo o biólogo molecular que chefia o Centro Africano de Excelência para Genômica de Doenças Infecciosas da Universidade Redentor em Ede, Nigéria, Christian Happi, "Tulio fez um trabalho incrível, abrindo caminho para uma nova forma de resposta científica às epidemias".
Em dezembro, Oliveira mudou-se definitivamente para Stellenbosch, nos arredores da Cidade do Cabo, África do Sul, onde desde julho monta o Centro de Pesquisa, Resposta e Inovação em Epidemias (CERI) (manterá seu cargo na KRISP). O centro trabalhará para controlar epidemias na África e no sul global, e abrigará a maior instalação de sequenciamento da África.
Outros indicados
A publicação da Nature 2021 também ressalta os cientistas: Winnie Byanyima, Friederike Otto, Zhang Rongqiao, Timnit Gebru, John Jumper, Victoria Tauli-Corpuz, Guillaume Cabanac, Meaghan Kall e Janet Woodcock.