Saiba como outros países alcançaram a "normalidade" durante pandemia
SBT News explica: o Brasil não conseguirá erradicar o vírus, mas existem bons exemplos a serem seguidos
No último sábado (20.mar), a banda Midnight Oil fez um show para 13 mil pessoas na Austrália sem distanciamento social ou máscara de proteção. O evento ocorreu na cidade de Geelong. O país zerou o número de casos em janeiro deste ano, tornando o evento possível.
Segundo o levantamento diário do Reuters Covid-19 Tracker, a Austrália registrou 29.228 casos de infecção e 909 mortes pelo novo coronavírus. A Austrália investiu desde o início da pandemia, em 2020, no fechamento de aeroportos, medidas rígidas de isolamento social, monitoramento de casos e união política para obter sucesso.
Esse efeito chama-se contenção total, segundo apontado pela infectologista do Hospital Sirio Libanes, em São Paulo, Mirian de Freitas Dal Ben Corradi, em entrevista para o SBT News.
"A Nova Zelândia, a Austrália, fizeram o lockdown e fecharam os países, começaram com monitoramento de contactantes quando eles ainda tinham um número pequeno de casos, para realmente não deixar o vírus espalhar, não deixar se alastrar".
No caso do Brasil, a estratégia usada foi a de mitigação: "A gente sabe que a doença está transmitindo dentro do seu país e você toma medidas para diminuir o impacto dessa transmissão".
A realidade da Nova Zelândia
A Nova Zelândia também comemorou o novo momento do país com um show. No sábado do dia 13 de março, cerca de 30 mil pessoas se reuniram para assistir a banda Six60, no Wellington's Sky Stadium. Quem foi ao show pôde aproveitar tudo sem distanciamento social e sem máscara.
A Nova Zelândia, até sexta-feira (26.mar), tinha registrado 2.479 casos de infecção e 26 mortes pela covid-19, segundo dados divulgados diariamente pela Reuters Covid-19 Tracker.
Assim como a Austrália, a Nova Zelândia optou pela estratégia de contenção total. A Islândia também faz parte desse time.
Para a infectologista do Hospital Sirio Libanes, Mirian de Freitas Dal Ben Corradi, o Brasil não poderá erradicar o novo coronavírus do país. Para ela, o vírus será permanente em nosso território, assim como a H1N1.
"No Brasil não vamos conseguir erradicar o vírus. Então, o vírus vai se tornar endêmico e vai continuar circulando no país, igual o H1N1. Então, muito provavelmente o vírus da covid-19 vai ficar circulando e a população vai precisar ser vacinada periodicamente para controlar a doença".
Cenário brasileiro
A realidade do Brasil é diferente dos outros países. Existe uma diferença clara que é o tamanho populacional entre a Nova Zelândia, por exemplo, que tem em torno de 4 milhões de habitantes, e o território nacional, que possui mais de 200 milhões. A quantidade de pessoas no país é um fator relevante quando se pensa em ritmo de contingência para frear uma pandemia.
Para o Brasil, a possibilidade de erradicar o vírus é nula. Mas, para Corradi podemos seguir outros exemplos e ter êxito.
"A Alemanha e os Estados Unidos, que também usaram a mitigação como estratégia, investiram em leitos hospitalares, em rastreamento de contactantes e testagem em massa. Foram países que tiveram sempre instruções claras, orientação para a população usar máscara, fazer o distanciamento social e o Brasil pode fazer isso", finaliza.