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Covid-19: 25% dos pacientes intubados morrem por sequelas após alta

Dado consta em um estudo feito por meio do acompanhamento de 1.006 pessoas que foram infectadas pelo novo coronavírus

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Usando máscara, touca e óculos de proteção, profissional da saúde se apoia sobre cama em leito hospitalar (Tatiana Fortes/Governo do Ceará)
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Um quarto dos pacientes intubados por Covid-19 morre devido a sequelas da doença, até seis meses depois de ter tido alta, segundo um estudo realizado pela chamada Coalizão Covid-19 Brasil, que inclui mais de 50 hospitais de excelência de todo o país.

Ainda de acordo com o trabalho, entre os pacientes que foram internados, esse índice de mortes fica em 7%. Para chegar aos resultados, os pesquisadores acompanharam 1.006 pessoas que tiveram Covid-19 e, durante a recuperação, permaneceram em média nove dias em leitos hospitalares.

Do total de intubados, 40% acabaram internados novamente e 20% não conseguiram voltar a trabalhar, dentro de seis meses. Já entre pacientes que não precisaram de ventilação mecânica, os números caem para 17% e 5%, respectivamente.

O diretor do Centro Internacional de Pesquisa do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, e integrante da Coalizão Covid-19 Brasil, doutor Álvaro Alvezum, explica quais sequelas são comuns na síndrome pós-UTI: "Tem impacto na questão cognitiva, na questão de saúde mental, depressão e ansiedade, e também na parte física. O indivíduo tem uma disposição menor, tem mais cansaço e tem mais fraqueza muscular".

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As mortes pós-intubação, alertam os médicos, são causadas pela gravidade da Covid-19, e não pela necessidade de intubação. "Nós estamos discutindo uma infecção que gera uma resposta inflamatória que, quando acontece uma hiperinflamação, os casos evoluem a ponto de precisar de ventilação mecânica", pontua o doutor Álvaro.

A cabeleireira Marli Galvão, de 46 anos, é um exemplo de pessoa cujo período com a enfermidade incluiu intubação. Com 66% dos pulmões comprometidos por causa do novo coronavírus, ela ficou 22 dias internada, 16 deles em coma. A alta do hospital ocorreu no último Natal, mas ainda hoje ela não conseguiu voltar para o trabalho.

A mulher já fez fisioterapia, mas continua sentido dores de cabeça diárias. De todo modo, mais do que nunca, ela agradece pela segunda chance que ganhou e, aos poucos, restabelece a vida que tinha e faz planos. "Me faltava muito ar e era muito triste isso. Então, vou valorizar cada momento assim, o ar que eu respiro. Isso não tem preço. Às vezes, as pessoas não dão valor assim para coisas mínimas da vida e é o que a gente tem que dar", fala a cabelereira.
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