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ANÁLISE: Não é hora de explorar, por Carlos Nascimento

Leia a análise do âncora do SBT Brasil sobre a situação financeira e econômica do país neste fim de ano

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Marcello Casal Jr./Agência Brasil
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Pandemia torna-se o grande culpado pelo aumento de preços em vários setores. Foto: Marcell Casal Jr./Agência Brasil

A pandemia e a incerteza econômica abalaram o sistema produtivo, o emprego e a renda, as vendas do comércio e o abastecimento de vários setores. O resultado é que a inflação encontrou um terreno fértil para crescer. Pela previsão do mercado financeiro devemos fechar 2020 com um índice de 4,21% , acima do centro da meta prevista pelo governo.

Na verdade estamos assistindo a um festival de alta de preços em quase todos os setores. Alimentos, bebidas, remédios, materiais de construção, insumos agrícolas, carne, gás e mais um monte de coisas. 

Um milheiro de tijolos pulou de setecentos reais para mais de mil, a cerveja long neck de 4 para até 7 reais, uma saca de milho que custava 40 foi para 80 reais e um orçamento de material elétrico a que tive acesso variou de 3.200 a 4.500 reais. Alem disso faltam produtos e nesse caso passa a valer a "lei" da oferta e da procura.

Cada comerciante, industrial ou prestador de serviços tem uma justificativa para aumentar os preços, mas a maior "culpada" é a pandemia. O que não está errado, mas não pode servir de desculpa para alguns preços subirem sem motivo ou além do que deveriam - o que conhecemos como especulação.

Há vários produtos, as chamadas commodities  que seguem os preços internacionais, os que dependem do clima, os que são produzidos com insumos importados e os que precisam de matéria prima atualmente em falta.

Com a desaceleração econômica e o fechamento do comércio, muitas fábricas reduziram ou interromperam a produção. Isso tem um efeito cascata e atinge segmentos inteiros, de alto abaixo.

Outra constatação dos consumidores é a de que produtos de segunda linha estão sendo vendidos como se fossem e com preços de primeira linha. 

Verdade que a pandemia causou um desarranjo violento na atividade econômica e isso atinge cada um de nós no pior dos mundos : demissões, corte nos salários e o custo de vida em alta.

O que não pode acontecer - porque é um tiro no pé de todo mundo - é a remarcação automática e injustificada. Diante de um cenário de incerteza a primeira reação de quem vende é subir o preço. Ou porque o concorrente subiu ou porque o viajante passou com a tabela mais alta ou por pura esperteza. Aí mora o perigo.

Claro que ninguém consegue vender um bem por um preço inferior ao que pagou. Nem pode arriscar a sobrevivência do negócio sem a certeza do que virá pela frente. O problema é que essa auto-defesa, se for abusiva, irá criar uma espiral de alta de preços que já nos custou muito caro : a hiperinflação. 

O desarranjo econômico e financeiro que enfrentamos é terrível, mas terá um fim. Na pior das hipóteses nos acostumaremos a lidar com os efeitos da pandemia. Essa transição será menos dolorida se agirmos com equilíbrio, inteligência e responsabilidade. Não é hora de explorar o semelhante em nome da nossa estabilidade. Dependemos um do outro e só assim sobreviveremos.

*O jornalista Carlos Nascimento é âncora do SBT Brasil
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