Ministro do STJ manda soltar oito funcionários da Mineradora Vale
Em custódia há 12 dias, os acusados são investigados por responsabilidade criminal na tragédia de Brumadinho.
O Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Nefi Cordeiro, mandou soltar nesta quarta-feira (27) oito funcionários da Vale que estavam presos há doze dias.
Eles são investigados por responsabilidade criminal no rompimento da barragem, em Brumadinho. A apuração seguirá com o grupo de gerentes e técnicos em liberdade.
Na decisão, o Ministro do STJ considerou que não houve fuga, não há indicação de destruição de provas ou ainda de induzimento de testemunhas e que, portanto, não há conhecimento concreto de ações que apresentem risco à investigação.
Ainda nesta quarta-feira, a Vale foi rebaixada pela Moodys, uma das maiores agências de classificação de risco de crédito do mundo. O ocorrido pode aumentar os custos de financiamento da empresa.
Massacre Ambiental
Em um relatório da ONG 'S.O.S Mata Atlântica', divulgado também nesta quarta-feira (27), concluiu-se que o desastre da Vale culminou na "morte" de trezentos e cinco quilômetros do Rio Paraopeba.
Durante uma expedição que percorreu toda a extensão do rio, amostras de água recolhidas em vinte e dois pontos diferentes apresentaram índices de qualidade ruim ou péssima.
As análises indicam que a concentração de metais tóxicos como o ferro, o cobre, o manganês e o cromo estão acima dos limites máximos previstos pela lei.
Ainda segundo o relatório, a água do Rio Paraopeba está imprópria para o consumo humano e animal, além de inapropriada para a pesca, a irrigação e a recreação.
De acordo com o biólogo do 'S.O.S Mata Atlântica', Tiago Félix, o rejeito que contaminou o rio é altamente nocivo à saúde, podendo causar "náuseas, vômitos e, inclusive, problemas no sistema nervoso, como tremores de mãos, entre outros, que podem prejudicar a saúde de médio a longo prazo das pessoas que tiverem contato com essa água."
Os pesquisadores ainda afirmam que o rio não foi o único que sofreu com os impactos do rompimento da barragem em Brumadinho, há um mês. Cálculos feitos pela ONG contabilizam cento e doze hectares de florestas nativas devastadas pela lama da mineradora. Incontáveis espécies animais e vegetais também sofrerão com os danos causados pelo rompimento da barragem no Córrego do Feijão, em Brumadinho.