Brumadinho pode ter surto de doenças infecciosas, diz estudo da Fiocruz
Estudo da fundação analisou os impactos na saúde após o rompimento da barragem da Vale. Há risco de aumento de doenças como dengue e febre amarela
Um estudo publicado nesta terça-feira (5) pela Fundação Oswaldo Cruz alertou para o risco de surto de doenças como dengue, febre amarela, esquistossomose e leptospirose em Brumadinho, após o rompimento da barragem da mineradora Vale, no dia 25 de janeiro. Há também a possibilidade de agravamento de doenças respiratórias, problemas de hipertensão e doenças mentais.
"Um aumento de casos de acidentes vascular-cerebrais foi observado após as enchentes de Santa Catarina em 2008 e do acidente de Fukujima, Japão, mesmo depois de meses dos eventos disparadores. Estes casos podem ser consequência tanto de situações de estresse e transtornos pós-traumáticos, quanto da perda de vínculo com os sistemas de atenção básica de saúde. Neste sentido, as doenças mentais decorrentes de grandes desastres ambientais podem ser sentidas alguns anos após o evento traumático, como relatado em Mariana", disse Christovam Barcellos, pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict) da Fiocruz, integrante da equipe que realizou o estudo.
Barcellos também também falou sobre o risco de surto de esquistossomose, principalmente se levado em consideração que grande parte do município de Brumadinho e municípios ao longo do rio Paraopeba não é coberta por sistemas de coleta e tratamento de esgotos. "A transmissão de esquistossomose é facilitada pelo contato com rios contaminados por esgotos domésticos e com presença de caramujos infectados".
Lama chega e toma conta do rio Paraopeba
Em relação ao possível surto de febre amarela e dengue em Brumadinho, Barcellos destacou que é preciso tomar cuidado com a bacia do rio Paraopeba e a vacinação precisa ser feita em caráter de urgência: "A bacia do rio Paraopeba é uma área de transmissão de febre amarela e um novo surto da doença não pode ser descartado. É urgente a vacinação da população".
Diego Ricardo Xavier, epidemiologista do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnólogica em Saúde (Icict/Fiocruz), lembrou que é importante criar uma estratégia de resposta para a reconstrução da qualidade de vida: "É preciso criar uma estratégia de resposta, para reduzir os riscos que população atingida enfrenta e para a reconstrução da qualidade de vida a médio e longo prazo desse grupo".
VEJA TAMBÉM:
+ STJ manda soltar engenheiros e funcionários da Vale presos
+ Repórter do SBT tem dia de bombeiro e acompanha luta de perto